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Bolsonaro anuncia nova demissão de secretário que usou avião da FAB para ir à Índia


Publicado em: 30 de janeiro de 2020


 

Vicente Santini havia sido exonerado e logo depois nomeado para cargo de assessor especial; Casa Civil informou que a decisão da renomeação era do presidente

O presidente Jair Bolsonaro informou na manhã desta quinta-feira que tornará sem efeito a nomeação de Vicente Santini para um novo cargo no Ministério da Casa Civil, que havia sido definida em edição extra do Diário Oficial na noite de quarta-feira. Segundo a colunista Bela Megale, dois episódios fizeram Bolsonaro voltar atrás: o presidente não gostou da nota divulgada pela Casa Civil que “falava em seu nome” e de conversas de corredor que Santini teve com palacianos depois que eles se reuniram na quarta-feira.

No Twitter, o presidente anunciou também que vai exonerar o interino da Casa Civil, Fernando Wandscheer de Moura Alves, nomeado para o cargo de secretário-executivo do ministério no lugar de Santini.  Ele responde interinamente pela pasta, enquanto o ministro Onyx Lorenzoni está de férias no Estados Unidos.

Bolsonaro informou ainda que vai passar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da alçada da Casa Civil para o Ministério da Economia. O PPI foi transferido para a Casa Civil em junho, após a pasta do ministro Onyx ter perdido a função de articulação política.

Em meio ao troca-troca, Onyx resolveu antecipar seu retorno ao Brasil. A previsão é que ele esteja em Brasília na manhã desta sexta-feira. O afastamento de Onyx começou no último dia 18.

Ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro não quis responder perguntas de jornalistas sobre a demissão. Ele apenas fez referência à viagem que fará nesta tarde a Belo Horizonte, para ver os efeitos das chuvas dos últimos dias, e disse que outras informações estão em suas “mídias sociais”:

A Casa Civil havia informado na noite de quarta-feira que o próprio Bolsonaro havia referendado a nova nomeação de Santini. A pasta informou que o ex-secretário se encontrou pessoalmente Bolsonaro. Nesta conversa, o presidente teria entendido que Santini devia “seguir colaborando com o governo”. O encontro, porém, não consta na agenda oficial do presidente.

Em nota, a assessoria de imprensa da Casa Civil informou que a pasta “não tem não tem nenhuma informação a acrescentar nesse momento”.

Santini foi exonerado do cargo de secretário-executivo da Casa Civil após usar um jato da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem à Índia, como informou a colunista Bela Megale. Bolsonaro considerou “inadmissível” o uso da aeronave em um voo para três servidores.

Entretanto, no mesmo dia em que foi exonerado, ele foi nomeado como assessor especial de relacionamento externo, atendendo a um apelo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).

Na quarta-feira, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, entrou com representação contra Santini para que a a corte apure a viagem. Furtado classificou o uso da aeronave como um “ato flagrantemente imoral e econômico”. Se for condenado, Santini poder ter que devolver o dinheiro gasto com o deslocamento. Fontes da FAB estimam que o valor chegue a R$ 700 mil.