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HUMOR, CÁ, CÁ, CÁ, CÁ, CÁ… GARGALHADAS? RIR DE QUÊ?


Publicado em: 28 de fevereiro de 2018


José Carlos Pedreira – ZÉ COIÓ

Hoje amanheci sem a menor vontade de contar piadas, de fazer nossa seção de HUMOR, de dar gargalhadas e pode crer que tenho carradas de razões para tal atitude.

Como é que um ser humano que tem a mais perfeita noção de civilidade, que segue fielmente as leis de Deus, pode estar alegre e feliz com esse quadro dantesco em que se apresenta o mundo atual?

Você ao acordar se liga nos meios de comunicação e recebe uma carga pesada de informações que doe no corpo e na alma. Quantas e quantas viagem fizemos ao Rio de Janeiro para viver momentos de lazer e diversão. Mais de trinta viagens para assistir partidas de futebol no Maracanã, ir ao autódromo de Jacarepaguá para assistir corridas de Fórmula 1, de viver as noites cariocas com seus shows espetaculares, no Canecão, de dar um belo passeio pelos calçadões de Copacabana, de vislumbrar a mulher carioca com seus encantos e belezas…

Tudo isso aconteceu nos anos de 70,80 e 90 do século passado, parece que foi ontem e hoje ligar a televisão, que veio ao mundo através de uma tecnologia para nos dar prazer e diversões e ver o Rio de Janeiro, a Cidade maravilhosa com Exército, Marinha, Aeronáutica, Policias Militar e Civil, todos de armas pesadas nas mãos, em um clima de guerra infernal e caçar bandidos armados até os dentes, violentos e revoltados ao assistir os políticos roubando descaradamente, vivendo em luxurias com dinheiro usurpado do povo, que faz das tripas coração para pagar impostos. Ver mulheres e crianças sendo assassinadas, ver o povo do Rio cercado de angústias sem o direito sagrado de ir e vir. ver hospitais que deveriam curar sem ao menos o algodão para limpar feridas…

Como contar piadas e fazer humor se você recebe logo cedo uma informação que um louco governa uma Síria e derrama milhões de bombas e mata de uma só vez 500 pessoas indefesas e famintas? Rir, rir de que, de assistir um país como o Brasil bafejado pela sorte de ter uma natureza linda e as vezes deslumbrante, cercado de violência por todos os lados? Rir, rir de que, de ver os que receberam os votos para legislar nossas vidas e se amontoaram em quadrilhas, vestidos de “tropical inglês” e “gravatas de seda pura”, dando e recebendo propinas, enquanto senhoras desesperadas vivem em corredores de hospitais implorando um remédio que cura suas dores?

Rir, dar gargalhadas depois de assistir o presidente da República “caçado” pela Justiça depois de cometer verdadeiras barbaridades em nome de um povo que vive uma crise infernal e desesperadora com mais de 12 milhões de desempregados?

Que mundo é esse, meu Deus, que mundo é esse que espalha guerra por todos os cantos do planeta, governos que se armam com foguetes de altíssimos alcances para matar seus vizinhos porque a intolerância é um fato corriqueiro.

Não, senhores, não da a menor vontade de fazer HUMOR quando você assisti ao vivo e em cores nossas crianças morrendo no quintal de casa, brincando de bonecas e recebe no rosto e morre de um tiro de fuzil que lhe tira a vida e deixa as famílias em estado de choque e levadas ao desespero. Da vontade de fazer humor? Rir, rir de que? É ser muito egoísta e não olhar seu semelhante sofrendo as agrurias de um mundo violento de todas as maneiras, onde não existe paz.

Não, não meus queridos leitores e amigos de tantos e tantos anos não tenho vontade de fazer piadas quando ao acordar pela manhã vi com meus olhos que a terra haverá de comer, uma senhora que acaba de ser transplantada com uma receita nas mãos implorando alguns centavos para comprar um remédio que alivia sua dor. Pobre e desamparada por governos ladrões do dinheiro que também é dela, como pobre brasileira que depende de poderes públicos corrompidos pela ganancia.

Rir, rir de que?

*José Carlos Pedreira – ZÉ COIÓ – Em clima de revolta