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Zé Neto critica gestão atual de Feira e diz que vai criar conselho econômico e centros de atenção à saúde


Publicado em: 15 de outubro de 2020


 

O candidato também frisou que se sente preparado para comandar Feira de Santana, com atenção as vozes diversas.

 

O deputado federal Zé Neto (PT) foi entrevistado pelo Acorda Cidade, na rodada com candidatos a prefeito de Feira. Em participação de 45 minutos no programa de rádio, na quarta-feira (14) ele fez críticas a atual gestão do município, ressaltando que não corresponde às demandas da cidade, em parte por ações ultrapassadas, outra, por falta de diálogo com as representações sociais e governo do estado. O candidato também frisou que se sente preparado para comandar Feira de Santana, com atenção as vozes diversas e prometeu, dentre outras ações, estruturar o conselho social, bem como criar o conselho econômico e centros de atenção à saúde.

Com 56 anos de idade, Zé Neto é feirense, casado, pai de duas filhas, advogado formado pela Universidade Federal da Bahia (BA). Foi o vereador mais votado de Feira de Santana, em 2000, deputado quatro vezes, foi presidente da Comissão de Meio Ambiente, Comissão de Justiça líder de governo por oito anos e se diz preparado para, neste momento, ajudar a cidade a “construir um caminho diferente”. “Costumamos dizer que a frase é ‘já deu’. São mais de 20 anos desse grupo e estamos preparados para ouvir mais a cidade”, afirmou durante a entrevista. Leia na íntegra:

Vamos estruturar o conselho social e criar aqui um conselho de desenvolvimento econômico, onde a gente possa ter essas duas mesas importantes com a cidade. Ouvir o que se passa nos distritos, na produção rural, no dia a dia dessa construção social, que vão desde as dificuldades do Minha Casa, Minha Vida, que é um grande projeto que nós tocamos aqui na cidade: são 52 mil casas. Esse Conselho tem que refletir nesse desenvolvimento do campo e entender que somos uma cidade que depende muito da zona rural de produção e que precisa de atenção. Você vai nos distritos hoje e não encontra nem sinal de celular e ainda tem uma situação que parece que estamos no século XVIII, que são as dificuldades com as estradas, escolas, atenção social e atenção do dia a dia.”

“Na parte econômica, precisamos de um grande projeto de Desenvolvimento. Quando o governador decidiu encerrar o Centro Industrial do Subaé (CIS), era para construir com o município e isso foi feito. Tenho aqui três reuniões realizadas com o município, a última ano passado, para construir uma política de desenvolvimento com Feira e a região. Precisamos de um escritório de desenvolvimento com o estado participando disso, mas que ele possa ser construído principalmente em Feira de Santana, que é polo de desenvolvimento na região, e precisamos que esse conselho construa uma política para garantir o desenvolvimento do comércio e da indústria. Isso precisa ser conectado com o Governo do Estado e não nesse puxa e estica.Ouvi aqui (no programa Acorda Cidade) ontem a entrevista do prefeito, que é desnecessário lembrar que não está se comunicando com o governo do estado e é isso que ele estava lembrando. A gente precisa fazer essa conexão com o governo do estado e com o governo federal.”

No dia 18 de setembro ano passado, houve um congresso no aniversário de Feira e o quanto foi importante a gente caminhar juntos. Não fomos apenas comemorar o aniversário, fomos nos gabinetes de senadores, deputados, independentes de partidos, e trouxemos três vezes mais emendas parlamentares para a cidade, numa tarde. Inclusive, o prefeito estava lá também. Essa ação de defender a cidade precisa estar acima de qualquer disputa ideológica e partidária. A gente tem que começar a entender, que para que a gente possa construir isso, precisamos medir logo o quanto de tarefas importantes temos, principalmente em setores estratégicos na cidade.

A Saúde municipal é uma situação calamitosa, enquanto estamos com o Clériston II, Hospital da Criança com 240 leitos, tratamento de câncer, de cardiologia, estamos com UPA, sendo a maior do estado, teve outras duas UPAs também que foram trazidas pelos nossos projetos do Governo Estadual com Federal… Quando estamos trabalhando para que as coisas venham a acontecer, como está a pleno vapor a Policlínica Regional, do outro lado a gente tem uma atenção básica totalmente depreciada e distante da realidade que a gente precisa.

Têm os agentes de saúde, que para que eles tivessem um salário base, tiveram que ir pra justiça brigar quase três anos. Agentes de endemias da mesma forma. A atenção básica vai ser ponto importante na minha gestão, porque estamos falando em prevenção. Se não tem cuidado com as pessoas, se não tem médico no dia a dia, ambulatório… tem que cuidar das pessoas. O Clériston acaba sendo o ponto de chegada, quando, na verdade, tem um Hospital que não se tem mais o que fazer, por conta de um tratamento ambulatorial e de atenção básica muito ruins. Precisamos reformular e criar centros de atenção à saúde, para cuidar das pessoas antes que eles precisem ir ao hospital.

A gente tem que ter uma saúde na qual façamos uma reformulação de valorização dos profissionais e não podemos mais deixar de entender a grande importância que temos na valorização profissional, nem só da saúde, mas todos os profissionais no quadro de carreira do município. Qualificar, melhorar salário, aprimorar, para que possamos construir aqui, um hospital geral municipal, que possa responder e ajudar o Clériston Andrade em cirurgias ortopédicas gerais menores.

 

Hoje, temos um terço das cirurgias que se fazia há seis anos. Que a demanda cresceu, todo mundo sabe. Enquanto estávamos trabalhando para ajudar o Dom Pedro de Alcântara como ajudamos e várias vezes lutei. O Dom Pedro hoje tem Planserv, fomos nós que ajudamos, trouxemos dois núcleos de câncer que estão funcionando. Temos um credenciamento de cardiologia que foram do nosso governo também. Temos um Dom Pedro funcionando com dez leitos de UTIs, que foram nós que ajudamos a trazer. Tudo isso acontece no mesmo tempo em que o Dom Pedro, que tinha uma boa situação de obstetrícia, fechava. Fecharam o pronto socorro do Dom Pedro. Enquanto o governo do estado avança, do lado de cá a saúde do município está muito distante da realidade que precisamos ter.

Transporte coletivo também é uma situação difícil, a gente precisa resolver isso. A gente tem, neste momento, uma situação que precisa ser enfrentada. Você vê aí agora o BRT, por exemplo, está todo mundo de olho no que vai acontecer em cima da eleição, um projeto que já está aí desde 104. Não sei se você lembra, em 2014 e o BRT tinha que ligar o Tomba ao Centro da cidade, a Uefs até o centro. Inclusive, o ex prefeito disse na inauguração que seriam 18 minutos da Uefs ao Tomba e o BRT está sendo entregue parcialmente, totalmente distante da realidade do que a cidade precisa.

Precisamos retomar o transporte de vans, rever todas essas licitações do transporte coletivo de Feira, a gente precisa encontrar um caminho que possa conectar o transporte de ônibus e fazer com que o Conselho Municipal de Transporte funcione. Que não seja apenas para aumentar as passagens, mas para discutir acessibilidade, presença de ciclistas que hoje é um modal e é visto com carinho e respeito, que tenha lá também taxistas, representantes do Uber, das vans, de todos esses autores do transporte coletivo da cidade, para que nós possamos discutir anualmente, mensalmente, todas as dificuldades que temos no transporte em nossa cidade e pensar como nós vamos recompor ou avançar nesse projeto do BRT que, até aqui, é mais uma fraude do que um projeto que venha a atender o que precisávamos.

A gente tem muita coisa. A manutenção da cidade? Tem que ser totalmente reformulada. Vamos dar um banho de asfalto na cidade. Mas não adianta isso, se não construir um sistema de manutenção permanente, moderno, eficiente, com telefones à disposição da população, linkados com as grandes dificuldades. Agora de forma muito eleitoreira até, em cima da hora, estão tentando construir caminho que não tinham, precisamos fazer uma reconstrução da cidade do ponto de vista dessa dinâmica de manutenção, com respeito aos códigos de obra, a normatização urbana da cidade, absorvendo todos os valores da modernidade de acessibilidade, de mobilidade, para que possamos construir um caminho que seja em condições diferentes da nossa realidade hoje, depredada.

A educação municipal, estava vendo aqui, eles contrataram uma cooperativa chamada Confiança, agora em março, pagando três mil e quinhentos e poucos reais por cabeça, 330 pessoas foram contratadas, para receber mil e poucos reais. A gente se pergunta como vai continuar essa história das cooperativas. Ao mesmo tempo, corta salário de estagiário, corta salário dos professores, passa seis meses para entregar a merenda escolar e não tem nenhum diálogo para os professores, que estão construindo na ponta a educação. Não dá para admitir que o prefeito do município seja inimigos dos professores, tem que dialogar, construir um caminho que faça um caminho didático e de melhorias.

AC – Como é esse centro de atenção à saúde?

ZN – Na verdade, quando você vai para um processo de construção em saúde adequada, tem que cuidar do paciente logo cedo. Tem que chegar no centro e saber qual é a alimentação adequada para ele. Uma senhora que tem um problema de diabetes, ela vai ter a medicação e a alimentação e ainda vai ter um exercício físico, para ela fazer duas vezes na semana, no mínimo, isso no mesmo local.

Precisamos alavancar a saúde do nosso município e melhorar a vida das pessoas. Feira de Santana teve meses de gastar quase 70% dos seus recursos com alta hospitalar. Mas não era pra gastar com o hospital, porque não tem o hospital geral que nós vamos construir, mas com exames especializados. É um absurdo o que Feira gasta com ressonância, exames de imagem, mamografias e por aí vai. Virou uma moeda da política, para alguns fazerem disso o toma lá dá cá, de importância maior, mas quando você chega no dia 14 de qualquer mês, para encontrar uma radiografia, um exame de sangue é uma dificuldade. O interesse mercantil está acima dos interesses de saúde do município.

Não é à toa o que houve com as cooperativas, mas não sou eu que vou dizer aqui o que aconteceu com desvios financeiros, absurdos. Não tinha no município um foco, para atenção às pessoas. Cuidar do ser humano, principalmente os mais carentes. Não adianta esperar o Clériston Andrade. Nos próximos dias, o resto vai abrir, os leitos novos do Clériston II de UTI e cirurgia para funcionar para a população, porque estão reduzindo números da covid. Mas isso, vai ser um pouco lá na frente, se não tiver uma atenção básica, de cuidado com as pessoas, para que elas possam ter um atendimento melhor e não precisar ir ao Hospital.

Outra coisa, é que a saúde também tem outro momento. As pessoas tem um problema, vão fazer uma cirurgia no Clériston, quando voltam, não têm atendimento posterior. O pós-atendimento também precisa de atenção básica. Uma atenção que vai fazer com que no dia a dia, a pessoa tenha um agente comunitário cuidando dela, um médico da saúde da família cuidando e isso nós não temos. Uma das coisas que mais ouvi na periferia e ouvi em todos os distritos, as pessoas não têm consulta médica, que é uma coisa barata do ponto de vista do que se gasta hoje em Feira com exames especializados. Você precisa de consulta médica para que? Para acompanhar o paciente. Grande parte dos pacientes que chega no Clériston, fora aqueles que vem por acidente, motociclistas, que são muitos, foram acidentes de automobilismo ou tiros, ocorrências violentas, grande parte desse atendimento vem de pessoas que têm diabetes, hipertensão, problema de coração, de rins. Tudo isso que poderia ser amenizado com tratamento e acompanhamento no centro integrado de saúde, que vai melhorar, e muito, a saúde das pessoas em nosso município.

Acorda Cidade