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Já começamos a transição’, diz Joe Biden apesar da recusa de Trump em aceitar a derrota nas eleições


Publicado em: 10 de novembro de 2020


10 de novembro de 2020

Presidente eleito dos EUA diz que resistência do Partido Republicano em iniciar o processo ‘não causa muitas consequências’ no planejamento dos democratas.

O presidente eleito dos Estados UnidosJoe Biden, afirmou nesta terça-feira (10) que a equipe já começou a transição para que ele tome posse em 20 de janeiro. “Nada vai interromper isso”, disse.

Mesmo depois de as agências que monitoram há décadas a apuração das eleições americanas declararem Biden eleito, o governo do republicano Donald Trump se recusa a reconhecer a derrota. A agência que deveria iniciar os procedimentos de transição ainda não começou os trabalhos.

 “O fato de que eles não querem reconhecer nossa vitória neste ponto não é algo que traga muita consequência ao nosso planejamento”, disse Biden.

Perguntado se tinha algo a dizer a Trump, o democrata afirmou, sorrindo: “Estou ansioso para a nossa conversa”. É praxe, nos EUA, que o candidato derrotado telefone ao vencedor logo após as agências que monitoram a apuração declararem um vencedor.

Trump alega — sem apresentar provas, por enquanto — que venceu as eleições e que houve fraude na contagem de votos em estados chave como a Pensilvânia. O republicano prometeu entrar na Justiça para reverter o resultado eleitoral, mas, até o momento, nada foi decidido a favor do candidato derrotado.

Nesta terça, o secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que estava pronto para “iniciar a transição para um segundo mandato de Trump”. Apesar da declaração do chefe da diplomacia americana, Biden já recebeu telefonemas e mensagens de lideranças mundiais e aliados como Emmanuel Macron, Angela Merkel, Boris Johnson, Benjamin Netanyahu e, mais recentemente, Recep Tayyip Erdogan.

Biden comentou os telefonemas aos líderes mundiais. “Estou dizendo a eles que os EUA estão de volta”, disse. “As boas vindas que recebemos pelo mundo de nossos aliados e amigos tem sido reais. E eu me sinto confiante em recolocar os EUA em um local de respeito, como era antes”, completou.

Biden e Harris pedem manutenção do Obamacare

Eleitos presidente e vice dos EUA, Joe Biden e Kamala Harris discursam nesta terça-feira (10) sobre o Obamacare — Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Biden também criticou nesta terça-feira o questionamento na Suprema Corte sobre o Obamacare feito por políticos do Partido Republicano, com apoio de Donald Trump. Para o democrata, a questão sobre o programa que dá acesso a planos de saúde “não precisa ser algo partidário”.

“Para muitos americanos, isso é uma questão de vida e morte, literalmente”, disse Biden.

“Eu não sou ingênuo sobre o fato de que o acesso a saúde é um assunto que dividiu os americanos no passado, mas a verdade é que o povo americano está mais unido do que dividido sobre esse tema, hoje”, afirmou o democrata.

O Obamacare voltou aos debates na Suprema Corte nesta semana a partir de uma ação movida por estados governados pelo Partido Republicano e com apoio do Departamento de Justiça do governo de Donald Trump, que ainda se recusa a aceitar a derrota nas eleições presidenciais.

A maioria dos juízes da Suprema Corte foi escolhida por presidentes do Partido Republicano e costumam se opor a medidas como essa. No entanto, dois magistrados conservadores — John Roberts e Brett Kavanaugh, este último selecionado por Donald Trump — já deram sinais de que não derrubarão o programa.

A vice eleita, Kamala Harris, defendeu que o programa seja mantido para garantir o acesso à saúde por americanos que sofrem com doenças pré-existentes, condições que se agravam durante esta pandemia do novo coronavírus. Os EUA passam neste momento pelo pior momento da crise sanitária, com mais de 100 mil casos diários.

“Se a Suprema Corte concordar com os opositores da lei, a decisão pode levar embora o acesso à saúde de 20 milhões de americanos”, alertou a vice-presidente eleita.

O Obamacare foi projetado para pessoas que não poderiam pagar planos de saúde. O programa foi aprovado em 2010, é conhecido como o Ato de Saúde Acessível (ACA, na sigla em inglês) e tido como uma das políticas mais importantes da gestão de Obama.

Mais de 20 milhões de americanos têm o seguro com base na lei, incluindo adultos pobres, jovens de 26 anos ou menos que são beneficiados por meio do seguro de seus pais, e pessoas cujas condições médicas preexistentes provocaram a recusa de um plano de saúde comercial.