Bahia, 28 de dezembro de 2024 às 22:17 - Escolha o idioma:

Como 2017 expôs o telhado de vidro dos políticos que votaram pelo impeachment


Publicado em: 1 de janeiro de 2018


Foto: Lula Marques
Por George Marques
No The Intercept
“Todos que fizeram o impeachment estão envolvidos em corrupção”. A frase, com tons premonitórios, foi dita pela ex-presidente Dilma Rousseff à rede de TV americana CNN, em 27 de abril de 2016, exatos dez dias após a Câmara dos Deputados autorizar a instauração de seu processo de afastamento. Em 2017, alguns daqueles personagens tiveram suas incoerências políticas evidenciadas e se viram envolvidos em escândalos. The Intercept Brasil fez uma lista de cinco casos emblemáticos, relembrando o que eles disseram contra Dilma e como viram seus telhados de vidros ruírem no ano que se encerra.
Carlos Gaguim (Podemos-TO), o “sinal de esperança”
Na noite do impeachment, o deputado Carlos Gaguim (Podemos/TO) afirmou que a retirada de Dilma do poder representaria um sinal de “esperança” ao Brasil. Ex-governador do Tocantins, Gaguim foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 13 de dezembro. Ele é investigado por um suposto esquema de corrupção que teria desviado dinheiro público de obras de terraplanagem e pavimentação asfáltica no Tocantins. Os contratos sob suspeita ultrapassaram R$ 850 milhões.
Dois dias após a operação da PF, Gaguim foi condenado à perda do mandato e suspensão dos direitos políticos. A acusação é de ter usado contrato de ouvidoria do Tocantins, à época que era governador em 2010, para fazer pesquisa eleitoral. Ainda cabe recurso.
Bruno Araújo (PSDB-PE), o voto 342
Alçado a ministro de Michel Temer, Bruno Araújo (PSDB-PE) não demorou para cair na malha-fina da Lava-Jato. É investigado no STF no inquérito 4391 suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, após três delatores afirmarem que Araújo recebeu repasses não contabilizados de R$ 600 mil da Odebrecht entre 2010 e 2012 a pretexto de doação eleitoral, quando era deputado federal. De acordo com o inquérito, o deputado teria agido em defesa dos interesses da empresa no Congresso.
O tucano Bruno Araújo deu o voto 342 que ratificou o impeachment de Dilma. À época, o voto contrário à petista foi justificado pelo deputado como o “grito de esperança de milhões de brasileiros”.
Aécio Neves (PSDB-MG), “tantos erros cometidos”
Quando o impeachment de Dilma já estava em estado terminal no Senado, Aécio Neves chegou a recomendar que a petista “deveria pedir desculpas ao país por tantos erros cometidos”.
Em 2017, o congressista foi pego em escutas telefônicas solicitando R$ 2 milhões a Joesley Batista. O grampo rendeu a Aécio a suspensão de seu mandato, o recolhimento noturno além da prisão do primo, Frederico Pacheco e da irmã, Andrea Neves. Tanto as prisões quanto a suspensão do mandato foram posteriormente revistas pelo judiciário.
Shéridan (PSDB-RR), esperança roubada e bens bloqueados
Noticiado em The Intercept Brasil, a deputada Shéridan (PSDB-RR) teve os bens bloqueados pela Justiça após uma aeronave do governo de Roraima ter sido deslocada do estado rumo ao Rio de Janeiro para buscar um cantor de funk que cantaria no aniversário dela.
No dia da votação do impeachment, a congressista afirmou que votaria sim “pelo resgate da esperança que foi roubada do povo brasileiro”.
Agora, responde no Supremo Tribunal Federal (STF) à investigação no inquérito 3975, que apura um suposto favorecimento a eleitores de Roraima, como pagamento de multas de trânsito e por ter incluindo eleitores em pagamentos sociais do governo.
Wladimir Costa (SD-PA), o deputado da tatuagem
Na última terça (20), Wladimir Costa (SD-PA) foi condenado pelo TRE do estado por abuso de poder econômico e gastos ilícitos na campanha eleitoral de 2014. O deputado ficou conhecido este ano após tatuar o nome de Michel Temer no braço e defendê-lo a unhas e dentes nas duas denúncias criminais em tramitação na Câmara.
Com a bandeira do Pará nas costas, no dia da votação do impeachment de Dilma, protagonizou um dos shows ridículos no picadeiro da Câmara chegando a disparar um rojão de papel picado no meio do plenário.