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Tribunal multa funcionária de TV russa que invadiu telejornal em protesto contra a guerra na Ucrânia, mas caso continua na esfera criminal


- Crédito da Foto: Marina Ovsyannikova se apresentou em tribunal russo ao lado do advogado Anton Gashinsky - Publicado em: 15 de março de 2022


Marina Ovsyannikova, que ficou quase um dia inteiro desaparecida, deverá pagar 30 mil rublos (R$ 1.430) por violar atos relativas a ‘eventos públicos não autorizados’, mas ainda pode ser condenada à prisão

 

MOSCOU — Um tribunal distrital de Ostankino, em Moscou, condenou ao pagamento de multa de 30 mil rublos, cerca de R$ 1.400, Marina Ovsyannikova, que invadiu um jornal na TV russa para protestar contra a guerra na Ucrânia. De acordo com a decisão, ela violou regras relativas a protestos não autorizados. Contudo, o caso ainda não foi encerrado, e ela está sujeita a punições mais duras, previstas em leis adotadas contra o que o Kremlin aponta como “desinformação” ligada ao conflito.

Pela decisão, ela foi multada pelo vídeo gravado e divulgado depois do protesto, no qual chama a guerra de “fratricida”, e diz ter vergonha de ter participado da “propaganda” feita pelo Canal Um ao longo dos anos. Contudo, o protesto em si, com o cartaz diante das câmeras, ainda não foi analisado, e caso seja enquadrada em algumas das novas regras, poderá ser condenada a até 15 anos de prisão. Não há um prazo para uma definição, mas até lá Marina Ovsyannikova ficará em liberdade.

“Esta  [a multa] não foi uma punição por seu protesto contra a guerra ao vivo. Isso não foi sequer abordado neste momento. Muito provavelmente, os próximos passos estão sendo discutidos pela administração presidencial”, disse, no Twitter, Anton Barbashin, diretor do site Riddle Russia. “Uma situação de ‘a execução não pode ser perdoada’.”

Marina está sendo defendida por um advogado bielorrusso especializado em direitos humanos,  Anton Gashinsky, que se mudou para Moscou no ano passado após perder a licença em seu próprio país por defender manifestantes pró-democracia. Segundo o site Media Zona, ele chegou a pedir a interrupção do processo após apontar “inúmeras irregularidades”, incluindo o veto ao acesso dos advogados a  Ovsyannikova logo após sua detenção.

Durante uma entrevista coletiva nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o canal de televisão, e não o governo, é que está “lidando com isso”.

— Sobre essa mulher, isso é vandalismo — disse Peskov, que aproveitou para elogiar o canal, dizendo que ele é um “pilar de notícias objetivas e pontuais”. — A empresa e aqueles responsáveis [pelo caso] vão até o fundo disso.

O Globo