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Jerônimo Rodrigues X ACM Neto: perfis distintos e vitória histórica


- Crédito da Foto:  assessorias dos candidatos - Publicado em: 2 de novembro de 2022


Confira o que dizem os cientistas políticos sobre vitória de Jerônimo e derrota de ACM Neto

 

Os baianos foram às urnas, no último domingo (30), escolher o seu candidato preferido para comandar a Bahia nos próximos quatros anos.

De um lado, o candidato Jerônimo Rodrigues (PT) que foi apadrinhado pelo governador Rui Costa e o ex-chefe do executivo baiano, o senador Jaques Wagner. Do outro, o candidato ACM Neto (União Brasil) que optou pela neutralidade entre os presidenciáveis e resgatou a memória do seu avô, Antônio Carlos Magalhães, para fazer a sua campanha.

A disputa eleitoral, no entanto, foi definida com a vitória do candidato petista Jerônimo Rodrigues que teve 52% dos votos válidos no segundo turno. Para o cientista político e professor do departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jorge Almeida, a vantagem de Jerônimo nas urnas já era o esperado.

“A tendência de vitória de Jerônimo é um fato que já havia sido apontado desde o primeiro turno. Dois fatores importantes que levaram Jerônimo a chegar à frente foi a identificação com a imagem do candidato a presidente da República, Lula, e o outro fator é o governo estadual agindo no segundo turno”, afirmou.

Já o também cientista político Cláudio André ressalta que a vitória do governador eleito está relacionada à polarização política, a ligação de Jerônimo com a imagem de homem do campo, e também concorda que um dos fatores principais para essa vantagem foi a “força de Lula na Bahia”.

“A força de Lula na Bahia é enorme e significativa, o segundo ponto é que tivemos nesse tempo todo uma avaliação positiva do governador Rui Costa e o terceiro é a articulação do PT e da base aliada, que manteve quase toda a base de prefeitos que já tinham”, declara o professor político.

Ainda conforme Cláudio, os três pontos listados na sua avaliação, modelaram o avanço do próximo postulante ao Palácio de Ondina nas urnas, principalmente no primeiro turno.

“Essa força dos prefeitos se viu nas urnas quando o candidato petista ganhou em 352 municípios no primeiro turno, […], um candidato desconhecido que conseguiu avançar e promover essa virada no segundo momento eleitoral”, disse.

Diferente do seu adversário, ACM Neto (UB) optou pela neutralidade perante as eleições nacionais e ficou conhecido como o candidato “tanto faz” e para o professor Jorge Almeida esta decisão pesou na decisão eleitoral. “Ele se coloca como o candidato do “tanto faz” como governar bem com qualquer presidente que vier e isso o fez não sair vitorioso.”

Durante entrevista a equipe de reportagem do bahia.ba, Cláudio André reiterou que o fracasso do candidato pelo União Brasil se deu devido a “falta de apoio presidencial”, o qual chamou de estratégia arriscada de campanha e falou sobre a força do ex-prefeito.

“Ele é muito forte na Região Metropolitana, nos grandes colégios eleitorais [Salvador; Feira de Santana e Vitória da Conquista], em grandes cidades, mas eu vejo que a sua força política não foi capaz de se capilarizar para a maioria dos municípios baianos”, afirmou.

A campanha do ex-prefeito de Salvador foi marcada por episódios polêmicos, bem como a sua autodeclaração racial que gerou diversas críticas na internet. “Outro fator simbólico foi o registro da sua identidade racial como o candidato pardo, que de alguma forma gerou um desgaste na sua imagem como candidato”, completou.

Conforme o cientista político, a escolha da sua vice não foi assertiva neste processo eleitoral. “Ele escolheu uma vice que não teve nenhuma soma eleitoral, uma pessoa que nunca esteve ligada a política e não tem experiências em mandatos relacionados ao poder executivo, de alguma forma também, foi uma escolha fracassada”, finalizou.

Apesar do seu vasto legado político e título de melhor prefeito da capital baiana, ACM Neto perdeu as eleições com 47% dos votos válidos.

Gabriela Araújo

Bahia.ba