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“A natureza dessa manifestação é criminosa”, diz advogado sobre interdições em rodovias


Publicado em: 2 de novembro de 2022


Em entrevista ao Programa Altos Papos desta terça-feira, 1, o advogado e professor de Direito Renato Ribeiro de Almeida avalia que as interdições em rodovias brasileiras, realizada por eleitores insatisfeitos com o resultado do segundo turno das eleições, é uma ação criminosa porque, apesar de ser garantido por lei o direito à liberdade de expressão e livre manifestação de pensamento, os protestos têm como objetivo contrariar a Constituição Brasileira.

“O direito de manifestação é legítimo em nossa constituição. Evidentemente essas mesmas manifestações devem ser pacíficas e não confrontar o direito de ir e vir. A natureza dessa manifestação é algo criminoso. Estamos vendo uma manifestação que pede um rompimento da Constituição, da institucionalidade e um golpe de Estado. O propósito é derrubar a República e colocar outra coisa no lugar que não é democrático.”, afirma.

Para o professor de Direito, essas manifestações que atacam o processo eleitoral extrapolam as fronteiras do país e prejudicam a imagem do Brasil para o mundo.

“Esse cenário que estamos vendo envergonha o Brasil diante de toda a comunidade internacional. Esse pessoal não é adulto, é uma tamanha infantilidade acreditar que a democracia só vale quando a gente ganha, e não é assim. Quando perde [uma eleição] também tem que saber reconhecer e entender que a maioria preferiu outro candidato e vida que segue.”, avalia.

Após 45 horas do fim do processo eleitoral, realizado no último domingo, 30, o presidente Jair Bolsonaro decidiu quebrar o silêncio. Nesta terça-feira, 1, depois da repercussão negativa das interdições realizadas por apoiadores nas rodovias, Bolsonaro fez um pronunciamento em que agradeceu os votos que recebeu, criticou a esquerda, condenou os bloqueios nas estradas e falou em indignação e injustiça ao se referir à eleição em que foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O presidente, agora a pouco, teve a oportunidade de se manifestar. Ele poderia ter aproveitado o momento para pedir serenidade e calma. Mas, pelo contrário, acabou jogando mais gasolina em toda essa situação que estamos vendo, ao dizer que essas manifestações são legítimas e não fez nenhum aceno ao seu oponente que venceu. Simplesmente deixou um silêncio sobre qual será o próximo passo, ainda estando na Presidência da República.”, afirma Almeida.

Por Altos Papos