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Vídeo inédito gravado por ex-companheira mostra deputado Da Cunha insultando a mulher e dizendo que iria matá-la


- Crédito da Foto: Reprodução - Publicado em: 18 de março de 2024


O Fantástico falou no domingo sobre a acusação de violência doméstica contra o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), réu por ameaçar e agredir a ex Betina Grusiecki.

Ex-mulher grava vídeo do momento em que diz ter sido agredida e ameaçada pelo deputado Carlos da Cunha

Fantástico falou no domingo (17) sobre a acusação de violência doméstica contra o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) – o “Delegado da Cunha”, réu por agredir a ex-companheira Betina Grusiecki, no ano passado. Em vídeo inédito, gravado por Betina, é possível ouvir os insultos e ameaças do deputado. Betina disse à Justiça que Da Cunha bateu a cabeça dela na parede e tentou sufocá-la. Veja a gravação acima.

Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de 180 mil votos, depois de ficar conhecido na internet com vídeos de operações policiais.

O delegado virou réu em outubro do ano passado numa ação por violência contra Betina Grusiecki, de 28 anos. Segundo o Ministério Público, ele ameaçou e agrediu a ex, e lhe causou danos materiais. A acusação de violência doméstica ainda vai a julgamento.

Os dois se conheceram em 2020, moravam juntos e não têm filhos. Betina relatou à Justiça como era tratada durante o relacionamento, que durou três anos. Ela destacou episódios de agressão verbal e física.

O casal discutia com frequência. E o deputado chegou a agredi-la diversas vezes, segundo Betina.

 

Vídeo revela ameaças de morte

A última agressão aconteceu no apartamento onde o casal vivia em Santos, no litoral paulista, em 13 de outubro do ano passado, uma sexta-feira. Nesse dia, o casal começou a discutir, e Betina disse ter sido agredida verbalmente pelo deputado.

No sábado seguinte, 14 de outubro, era aniversário do deputado. Ele passou o dia fora com as crianças. Segundo Betina, ele voltou para a casa alcoolizado. O vídeo exibido pelo Fantástico é justamente essa gravação feita por Betina, que nunca veio antes a público.

É possível ouvir o deputado insultando a então companheira e dizendo que iria matá-la. Em alguns momentos, dá pra ver o rosto de Betina, mas a maior da parte do vídeo só tem áudio.

– Da Cunha: “Vai correndo para casa da mamãezinha.”

– Betina: “Não. Não vou para casa da mamãe.”

– Da Cunha: “Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui.”

– Betina: “Vai me matar?”

– Da Cunha: “Matar.”

– Betina: “Ah, então mata.”

Após esse momento, é possível ouvir a respiração ofegante dela.

Betina grita: “Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia! Sai”.

Betina conta que chamou os filhos do deputado.

IML atestou lesões em Betina

No vídeo, o rosto do deputado aparece de relance. Ele mexe na mochila onde está o celular. À justiça, o deputado disse que tentou impedir que Betina colocasse a maquiagem na mala.

O deputado negou os outros golpes, mas o IML atestou que Betina tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves.

O deputado registrou um boletim de ocorrência afirmando que era ele o agredido, por causa do ferimento com um secador. O Ministério Público concluiu que Betina tinha agido em legítima defesa.

À Justiça, o deputado tentou dar razões psicológicas e espirituais para o que aconteceu.

Depois da agressão, Betina foi para a casa do pai. O deputado colocou roupas danificadas em um saco de lixo e enviou a Betina. Ele disse que também enviou R$ 5 mil a ela.

A mãe de Betina contou que o deputado ligava para propor acordo. A Justiça concedeu medidas protetivas contra o deputado para Betina e para os pais dela, e determinou que o parlamentar entregasse suas armas.

O que dizem os citados?

Betina preferiu não gravar entrevista para a reportagem do Fantástico.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o deputado está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e que ele responde a cinco procedimentos na Corregedoria, ainda sem decisão definitiva.

O deputado não quis gravar entrevista. Quem falou à reportagem foi o advogado dele.

“Eu vou pedir a submissão desse vídeo à perícia. Porque esse vídeo não foi periciado […]. Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística, não foi submetido à perícia oficial”, afirma Eugenio Malavasi, advogado do parlamentar.

“Dentro de um contexto. Se ele disse isso, foi dentro de um contexto de cólera, dentro de um contexto de briga. Nós somos homens. Quando digo homens, seres humanos. Seres humanos têm discussões de casais. Um fato isolado na vida do deputado não pode estar embrionariamente ligado com exercício do mandato de deputado federal, do deputado Delegado da Cunha”, disse o advogado.

Por G1