Bahia, 23 de outubro de 2024 às 10:40 - Escolha o idioma:

‘Efeito funil’ e ventos impedem escoamento das águas no RS; entenda


- Crédito da Foto: Chuvas no Rio Grande do Sul - Foto: Gustavo Mansu/Palácio Piratini - Publicado em: 8 de maio de 2024


 

Guaíba recebe águas dos rios Caí, Jacuí, Pardo, Taquari, Sinos, Gravataí, entre outros. Vento que sopra do sul represa água e impede que fluxo siga em direção à Lagoa dos Patos e ao Oceano Atlântico.

 

O Rio Grande do Sul enfrenta fortes chuvas desde o início desta semana, com 56 mortos e 68 desaparecidos, e registra inundações em várias regiões. Após cinco dias de temporais, as águas não baixam, o que é atribuído, principalmente, a dois fatores: um “efeito funil” e a direção dos ventos, que dificultam o escoamento dos rios para o mar

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, passou de 4,77 metros nesta sexta-feira (3). É a maior marca desde a enchente histórica há 83 anos, quando o rio chegou a 4,76, em 1941. A cota de inundação é de 3 metros na região do Cais Mauá.

Entenda em dois pontos por que as águas não baixam:

  • Bacias formam “funil”: ainda há muita água escoando das bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí, Sinos. Essas bacias “jogam” suas águas para o Guaíba, na capital, formando uma espécie de funil que retém as enchentes e atrapalha a saída para o mar.
  • Ventos:somado a isso, os ventos estão soprando no sentido sul do litoral para o continente, empurrando a água da Lagoa dos Patos no sentido contrário, o que contribui com as inundações no Guaíba.

O meteorologista Guilherme Borges, da Climatempo, explica que o vento represa as águas que seguiriam em direção à Lagoa dos Patos e ao Oceano Atlântico.

“Quando o vento sopra de sul muito forte, ela faz com que a água seja empurrada e eleva o nível das bacias do Vale do Taquari e outras bacias que rodeiam Porto Alegre”, diz.

O especialista diz que a situação segue preocupando para os próximos dias.

“A preocupação é que, nos próximos dias, o vento siga soprando de sul e siga mantendo o nível dos rios elevados. Preocupa também as outras áreas do estado, outras áreas das regiões que rodeiam a Lagoa dos Patos”, comenta Borges.

Cheia em Porto Alegre

A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.

Temporais no RS

Além dos mortos, há 68 desaparecidos e 74 pessoas feridas. A Defesa Civil soma 32.248 pessoas fora de casa, sendo 8.168 pessoas em abrigos e 24.080 desalojadas, na casa de familiares ou amigos. Ao todo, 235 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 351.639 mil pessoas.

O estado tem quatro barragens em situação de emergência. Isso significa que elas apresentam risco de rompimento iminente, segundo o governo do estado. Na quinta (2), o governo federal reconheceu o estado de calamidade no Rio Grande do Sul.

Diferente de 2023, quando a chuva foi isolada em algumas regiões – como o Vale do Taquari –, desta vez, o impacto ocorre sobre todo território gaúcho. O cenário é considerado severo nas bacias dos rios Caí, Pardo, Jacuí, Sinos, Gravataí, além do Guaíba, em Porto Alegre.

Por g1 RS