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Biden enfrenta entrevista como um constrangedor teste de cognição


- Crédito da Foto: Mandel Ngan/AFP - Publicado em: 12 de julho de 2024


Desempenho do presidente supera o do debate com Trump, mas gafes e tropeços são encarados pela ótica do declínio e não devem estancar a sangria Partido Democrata.

 

Biden chama Kamala Harris de Trump durante entrevista

Na entrevista coletiva de uma hora travestida num angustiante teste de cognição, Joe Biden deu provas de que não arreda pé de sua candidatura à reeleição — “sou o mais qualificado para o trabalho” — apesar das deserções de seus partidários. O presidente discorreu com fluidez sobre temas áridos, cometeu gafes e sussurrou em algumas respostas, numa atmosfera marcada pelo constrangimento de seus espectadores.

Seu desempenho, sem dúvida, superou o do debate catastrófico há 15 dias com Donald Trump, mas é suficiente para estancar a sangria no Partido Democrata? Biden pode ter ganhado mais tempo para tentar reverter o estrago em sua campanha, mas o apoio de seu partido vem se reduzindo drasticamente.

As gafes, que sempre foram uma marca registrada do presidente, agora são vistas por outro prisma — o do declínio cognitivo. Biden se referiu a Kamala Harris como o vice-presidente Donald Trump, pouco tempo depois de ter apresentado Volodymyr Zelensky como o presidente Putin.

O mundo agora olha para esses deslizes pela lente da dúvida sobre a capacidade do presidente, de 81 anos, de cumprir mais quatro anos à frente da Casa Branca. Biden minimizou a inquietação no Capitólio, onde 17 congressistas pediram publicamente que ele desista da candidatura.

“Eu acho que sou o mais qualificado para vencer. Há pessoas que também podem derrotar Trump, mas seria começar do zero”, ponderou. Imediatamente após a coletiva, o deputado Jim Himes, principal democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, defendeu que o presidente abandone a disputa.

Até agora, as ofensivas da campanha de Biden para atenuar os estragos do debate não surtiram o efeito desejado. Ao contrário. Um artigo do ator George Clooney, pedindo que ele deixe a corrida eleitoral, e relatos sobre a atuação nos bastidores do ex-presidente Barack Obama e da ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi atiçaram fogo ao pessimismo democrata.

A entrevista de Biden serviu basicamente como um julgamento de suas aptidões e expôs a encruzilhada de sua candidatura. Daqui por diante, suas aparições terão o mesmo objetivo: a busca de sinais do avanço da idade e do declínio cognitivo, a despeito da experiência de meio século de serviço público.

A forma como o presidente se apresenta passou a importar mais do que o seu conteúdo, e essa realidade, por si só, deixa poucas opções para a sustentação de sua candidatura.

Por g1