Publicado em: 20 de fevereiro de 2019
Uma jovem de 21 anos que foi abusada pelo padrasto desde os 12 anos utilizou as redes sociais para denunciar o agressor. Eva Luana da Silva mora em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e utilizou a conta no Instagram para contar sobre os abusos, estupros e torturas sofridas.
De acordo com a Polícia Civil, o homem já está preso, mas negou todas as acusações. A delegada responsável pelo caso, Florisbela Rodrigues, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Camaçari, informou que Eva Luana prestou depoimento no dia 30 de janeiro. A mãe dela também falou com a polícia e confirmou as denúncias da filha.
Segundo o relato, Eva e a mãe eram agredidas. “Minha mãe era agredida, abusada, violada e torturada quase todos os dias. Meu padrasto era obsessivo e ciumento com ela. Resumindo de uma maneira geral, ela era agredida com chutes, joelhadas, objetos. Era abusada sexualmente de todas as formas possíveis. Era obrigada a tomar bebidas até vomitar e quando vomitava tinha que tomar o próprio vômito como castigo. Ele começou a me abusar sexualmente. Eu tinha nojo, repulsa, ódio e não entendia porque aquilo acontecia comigo. Me sentia uma criança estranha e diferente das outras”, publicou a jovem.
Nas publicações, várias situações são denunciadas. Em uma delas, a jovem conta que a mãe apanhou tanto que teve um parto prematuro, mas a criança, um menino, morreu após seis dias do nascimento.
Eva contou ainda que o celular, redes sociais e e-mail eram vistoriados pelo padrasto, que também a proibia de ter amigos e namorados. “”Eu não tive mais vida social. Tudo era uma farsa. Ele nos obrigava a fingir que tínhamos uma família perfeita. As agressões eram verbais, físicas e psicológicas”, disse em um trecho.
“Entre elas comer muito, em tempo estipulado. Isso aconteceu com uma pizza família, pra comer inteira em 10 minutos. Óbvio que não conseguimos. Também tomar 2 litros de refrigerante nesses 10 minutos. Eu levei socos no rosto, e ele não me deixava me proteger com a mão. Chutes até cair no chão e, de quatro, ele enfiou as pizzas na minha boca, me chamando de animal. Eu vomitei e comi meu próprio vômito. Meu gato comeu um pedaço e lambeu outro, ele me obrigou a comer o que ele havia lambido”, contou sobre as agressões.
Segundo a jovem, o padrasto também a obrigava a fazer os trabalhos e provas dele. “Eu também respondia todas as provas da faculdade, era obrigada a sair mais cedo da minha aula pra responder às provas dele pelo celular. Existiam castigos e punições pra tudo”.
Nos relatos, Eva Luana conta ainda que quando tinha 13 anos denunciou o padrasto, mas sofreu ameaças e teve que retirar a queixa. “O Estado falhou a tal ponto, que o meu caso não chegou nem ao Ministério Público. Fui obrigada a retirar a queixa por ameaças do meu padrasto”.
“Ele me agredia nos estupros, mas depois de um tempo, só utilizou das ameaças contra a minha família. Eu era usada como um lixo. Já abortei diversas vezes. Nunca pude ir ao médico pra fazer curetagem. Todas as vezes sangrava e passava mal a noite inteira. Já vi os bebês inteiros no vaso sanitário. Eu era chamada de burra, anta, doente, demente todos os dias, e era obrigada a repetir isso pra mim mesma”, relata a jovem.