Publicado em: 21 de fevereiro de 2019
Otávio Rêgo Barros afirmou que governo mantém previsão de enviar alimentos e remédios para Roraima no sábado. Mais cedo, nesta quinta, Nicolás Maduro anunciou fechamento da fronteira.
O porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, informou nesta quinta-feira (21) que o limite de ação do Brasil em relação à Venezuela é a faixa de fronteira.
Rêgo Barros convocou uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para falar sobre a ajuda humanitária que o Brasil pretende enviar à Venezuela no sábado (23), com alimentos e medicamentos.
De acordo com o porta-voz, a ajuda será transportada até Boa Vista e Pacaraima por motoristas brasileiros. A partir da fronteira, explicou, os medicamentos e os alimentos deverão ser transportados por motoristas venezuelanos.
Mais cedo, nesta quinta, porém, o presidente venezuelano Nicolás Maduro informou que vai fechar a fronteira do país com o Brasil, em Roraima.
“Da parte do governo brasileiro, diante da nossa soberania, o limite de ação é a faixa de fronteira. Os fatos, os eventos, as ações desencadeadas além da nossa borda de fronteira são, naturalmente, de responsabilidade do governo venezuelano”, afirmou o porta-voz.
Rêgo Barros afirmou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) saiu de Porto Alegre (RS) com 22,8 toneladas de leite em pó. A aeronave pousou em Brasília na noite desta quinta para ser abastecida com 500 kits de primeiros-socorros e seguirá até Boa Vista.
Segundo Rêgo Barros, os caminhões venezuelanos serão conduzidos por cidadãos venezuelanos e deverão entrar no Brasil, pegar os itens da ajuda humanitária e levá-los ao país.
O porta-voz afirmou que, segundo relatos de militares brasileiros em Roraima, a fronteira estava “aberta e com fluxo normal” nesta quinta-feira.
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Envio da ajuda humanitária
Segundo Rêgo Barros, o Brasil mantém a programação de enviar a ajuda humanitária no próximo dia 23.
“Estamos disponibilizando os meios logísticos na região de operações, inicialmente em Boa Vista, depois uma subárea de apoio logístico em Pacaraima, e depois nos quedamos a vinda dos caminhões de transporte dirigidos por venezuelanos”, declarou o porta-voz.
Questionado se o governo teme algum tipo de conflito na região da fronteira, respondeu: “O governo brasileiro não identifica, neste momento, possibilidade de fricção na região porque o ponto focal é a ajuda humanitária.”
Rêgo Barros também informou que, se os caminhões venezuelanos não puderem entrar no Brasil para buscar a ajuda, os alimentos e medicamentos ficarão estocados em Boa Vista e Pacaraima.
Ele acrescentou, ainda, que os alimentos não são perecíveis e podem ficar estocados por um tempo “bastante alongado”.
Segundo o porta-voz, a situação na fronteira com a Venezuela já foi discutida pelo presidente Jair Bolsonaro em uma reunião na tarde desta quinta com os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).
De acordo com Rêgo Barros, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) irão à Colômbia participar de uma reunião do Grupo de Lima.
Crise política
A Venezuela enfrenta uma profunda crise política, social e econômica.
A inflação no país já ultrapassa 1.000.000% ao ano; milhares de cidadãos têm fugido do país para outras regiões da América Latina; e líderes de oposição têm denunciado perseguição política por parte do regime Maduro.
O Brasil já declarou que não reconhece a legitimidade de Maduro como presidente do país e passou a considerar o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, assim como Estados Unidos, Colômbia e o Parlamento Europeu, por exemplo.
Nicolás Maduro diz ser vítima de uma tentativa de golpe de Estado, comandada pelos Estados Unidos.
Por Guilherme Mazui G1