Publicado em: 2 de fevereiro de 2018
2 de fevereiro não é apenas dia de festa no mar, mas também nas ruas. As vias públicas do Rio Vermelho são ocupadas por performances, exposições, arrastões e cortejos de blocos em homenagem a Iemanjá, a mãe de todos os orixás.
As comemorações começam pela madrugada e seguem durante todo o dia. Hoje, às 23h, na quadra esportiva da rua da Paciência, o grupo feminino Maracatu Ventos de Ouro inicia a concentração para o VI Cortejo Pernambaiano. Meia noite, as percussionistas saem em caminhada.
“O cortejo é fruto de um trabalho coletivo que busca difundir as manifestações artísticas da cultura afro-brasileira. Nessa data, fazemos um cortejo especial. Teremos a ala de dança e do batuque. À frente, uma escultura e um balaio com os presentes. Vamos caminhar até a Casa de Iemanjá, desceremos à praia, onde realizaremos uma ciranda. Depois, pegaremos um barco e vamos fazer a entrega dos presentes em alto mar”, informa Josy Garcia, integrante do Maracatu Ventos de Ouro.
Ao amanhecer do dia, na alvorada, quem ganha as ruas é o cortejo-performático feminino LAVAGEM, que sairá do Lalá Multiespaço em direção à Praia da Paciência. “É o segundo ano do projeto, que é uma criação cênica, mas que não tem interesse em demarcar o que é arte e o que é místico. O objetivo é unir várias mulheres, caminhar juntas, expressar as memórias diversas de violências sofridas e impregnadas nos nossos corpos. Entregamos essas memórias a Iemanjá”, ressalta Raiça Bomfim, produtora do projeto.
Logo em seguida, às 7h, com alegria e irreverência, o bloco FéMenina sai em cortejo da Casa Guió e levará o debate sobre igualdade de gênero às festividades. “A intenção do FéMenina é envolver as pessoas numa reflexão sobre igualdade de gênero, o urgente combate ao machismo, à homofobia, à lesbofobia, que fazem vítimas cotidianamente”, explica a jornalista Renata Menezes, idealizadora da iniciativa.
O bairro do Rio Vermelho, em Salvador, amanheceu em festa nesta sexta-feira (2). Milhares de baianos e turistas se unem na orla da capital para celebrar Iemanjá, a orixá das águas que também é conhecida como a Rainha do Mar.
A festa começou em 1923 e era chamada de ‘Presente da Mãe d’Água’. A tradição partiu de 25 pescadores que resolveram oferecer presentes para a “Mãe das Águas”, na expectativa de que ela pudesse resolver o problema de escassez de peixes.
A tradição foi crescendo e, na década de 1950, foi oficializada como a “Festa de Iemanjá”. Desde então, todos os anos fiéis pedem à orixá fartura de peixes e mar tranquilo. A celebração é uma das principais manifestações com origem nas religiões de matrizes africanas em Salvador.
Dentre as superstições que envolvem as homenagens, está a receptividade dos presentes. Reza a lenda que, caso o presente seja encontrado na beira da praia, é porque a divindade não gostou da oferta.
Por G1 BA
02/02/2018