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A Violência não pode substituir o diálogo


Publicado em: 7 de abril de 2022


Momento histórico nada fácil este em que estamos vivendo em que os agentes do Poder Público não querem mais sentar em uma mesa de diálogo e negociação para solucionar os problemas existentes, que são necessariamente públicos. Parece que uma espécie de doença social contaminou a sociedade a ponto de os governantes buscarem resolver as reivindicações de demandas das categorias profissionais na base da violência aberta e explícita.

Não bastasse que a nível federal temos um governante que fala em tortura como a coisa mais natural do mundo, em Feira de Santana os agentes da coisa pública resolveram fazer a mesma coisa, só que na prática. Ao reivindicar que a Lei 11.738/2008, que garante o Piso Salarial dos Profissionais da Educação, respaldada este ano na Portaria Interministerial nº 11, de 31 de dezembro de 2021, os professores/as em vez de diálogo e mesa de negociações para solucionar o problema receberam foi cassetete do Poder Público local.

Ao ocuparem o espaço “público” da Prefeitura Municipal de forma “pacifica” para dialogar com o Chefe do Executivo Municipal para que ele não seja apenas sensível, mas cumpridor daquilo que já está em Lei, os professores/as só queriam ser respeitados. Mas a resposta prática chocou a sociedade feirense, pois ela veio da pior forma possível, veio imitando os atos práticos dos piores regimes políticos autoritários e fascistas do século vinte. Utilizando-se da Guarda Municipal de forma torpe, covarde, cruel, nojenta e canalha os professores/as foram agredidos fisicamente.

A coisa foi gravíssima, porque numa sociedade democrática como a nossa em que a Constituição Federal garante a todo e qualquer cidadão, bem como aos mais variados grupos de interesses profissionais, o direito à reinvindicação pacífica dos seus direitos trabalhistas, o Poder Público local resolveu utilizar a Guarda Municipal como polícia política, como se naquele momento em que os professores/as só queriam dialogar para que a Lei seja cumprida, eles fossem inimigos políticos a serem abatidos como num regime de exceção.

Lamentável que numa cidade do tamanho de Feira de Santana em vez de se ter um comando político, estritamente político, preparado para o diálogo e para a negociação, se tem um comando atrapalhado, autoritário, incapaz de sentar numa mesa e ouvir aqueles que são cidadãos detentores de direitos e que são governados por este mesmo comando político, que deve governar para todos e cumprir os ditames da Lei. Vergonhoso que em vez de serem ouvidos, os principais profissionais da sociedade, que são aqueles que educam nossos filhos, foram espancados, principalmente a maioria presente que era formada por mulheres. O povo feirense não merece ver em vez de governo, violência!