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Ajuda humanitária para a Venezuela chega à fronteira com a Colômbia; ponte continua bloqueada


Publicado em: 8 de fevereiro de 2019


 

Alimentos e remédios enviados pelos EUA ficarão no local até o desbloqueio na ponte da fronteira entre Colômbia e Venezuela. Nicolás Maduro acusa norte-americanos de tentarem golpe.

 

Os primeiros caminhões com alimentos e remédios destinados à Venezuela chegaram na tarde desta quinta-feira (7) à fronteira com a Colômbia. No entanto, a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos ainda aguarda o desbloqueio das pontes entre os dois países sul-americanos, fechadas há dois dias por militares leais a Nicolás Maduro, segundo deputados de oposição ao chavista.

De acordo com a agência Reuters, os EUA pretendem manter a ajuda humanitária no local até que os chavistas retirem o bloqueio. No entanto, o enviado especial do governo norte-americano à Venezuela, Elliot Abrams, disse que os caminhões com os mantimentos “não vão forçar a passagem”.

A Venezuela passa por um colapso econômico que dificulta o abastecimento nos supermercados. Segundo a Assembleia Nacional venezuelana, a inflação no país em 12 meses chegou a 2.500.000%.

Maduro acusa os EUA de tentarem uma intervenção militar mascarada pela chegada dos caminhões com a ajuda humanitária – que também foi criticada pelo governo russo.

Além disso, o jornal “El Universal” diz que a ponte Tienditas – bloqueada por três caminhões – ainda não foi inaugurada. Porém, segundo a imprensa, seria uma das rotas para a entrada de remessas de alimentos e remédios do exterior.

O deputado Franklyn Duarte afirmou à AFP que a passagem na ponte foi bloqueada depois que um incidente confuso ocorreu em Ureña – lado venezuelano da fronteira – depois que soldados chegaram em veículos blindados para vigiar a área. Três pessoas ficaram feridas, segundo ele, depois que um tanque atingiu alguns motociclistas.

“Eles podem colocar uma parede e não impedirão a entrada da ajuda”, disse o deputado.

EUA e Guaidó exigem desbloqueio

 

Na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ordenou que o governo Maduro desbloqueasse a ponte.

“O povo venezuelano precisa desesperadamente de ajuda humanitária. Os Estados Unidos e outros países estão tentando ajudar, mas o Exército da Venezuela, sob as ordens de Maduro, está bloqueando a ajuda com caminhões e navios-tanque”, escreveu Pompeo no Twitter.

Líder da oposição venezuelana e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, dirige sessão na Assembleia Nacional na terça-feira (5) — Foto: Juan Barreto / AFP

Dias antes, o presidente interino declarado da Venezuela, Juan Guaidó, denunciou que as Forças Armadas planejavam “roubar” a ajuda internacional organizada por ele, incluindo alimentos e medicamentos, para que a distribuição fique a cargo do governo de Nicolás Maduro.

“Recebemos a informação do círculo próximo do alto comando [militar] que já não estão mais avaliando se deixam ou não ela entrar, mas como fazer para roubá-la”, disse Guaidó em uma entrevista coletiva.

EUA cancelam vistos de chavistas

O governo dos Estados Unidos também anunciou nesta tarde que cancelará vistos de integrantes da Assembleia Constituinte – controlada pelo regime chavista e paralela à Assembleia Nacional presidida por Guaidó.

O enviado especial dos EUA à Venezuela, Elliot Abrams, disse que o tempo de diálogo com Maduro acabou, “exceto para negociar a partida” do chavista do país.

Os EUA foram o primeiro país a reconhecer Guaidó como presidente interino, seguidos pela maioria dos países da América do Sul, como o Brasil.