- Crédito da Foto: Reprodução - Publicado em: 1 de maio de 2023
Gabriel Galípolo, secretário executivo do Ministério da Fazenda, explica que estudo tenta viabilizar ‘crédito de exportação’ dentro de restrições que existem atualmente nos balanços de pagamentos na Argentina. Lula se encontra com Alberto Fernández nesta terça-feira (2), em Brasília.
O Brasil vai propor a criação de uma linha de crédito para socorrer a Argentina. De acordo com Gabriel Galípolo, secretário executivo do Ministério da Fazenda, o plano é a criação de um “crédito de exportação”, um financiamento às empresas brasileiras que vendem para empresas argentinas que importam serviços e mercadorias do Brasil.”
O estudo que está sendo realizado tenta fazer com que esse crédito de exportação funcione dentro das restrições que existem atualmente nos balanços de pagamentos na Argentina.
O presidente Lula vai se encontrar nesta terça-feira (2) com o presidente argentino, Alberto Fernández, em Brasília. Fernández ainda terá uma reunião com o Ministério da Fazenda.
Segundo o secretário, a necessidade dessa linha de crédito tem um agravante este ano por conta de uma seca na Argentna, que reduziu em 40% as exportações, uma perda de cerca de US$ 17 bilhões. O país entrenta uma crise por conta de queda no valor do dólar. “Isso agrava um pouco mais a situação da Argentina neste ano. Mas para o Brasil, temos 210 empresas que comercializam com o país, principalmente em valores industriais, de mais valor agregado”, afirmou, destacando a importância da medida.
“Essas linhas de exportação pagam diretamente as empresas brasileiras, e o risco da situação é ser menos um risco tradicional de financiamento, que é quando você financia uma empresa e não sabe se a empresa vai conseguir vender ou não, porque a demanda dos produtos existe. O problema que existe é a conversibilidade da moeda.”
“Ou seja, ele vai vender em pesos na Argentina. Quando ele pegar esse financiamento do lado de cá, o que vai acontecer é que tem problema de conversibilidade. Será que o volume de pesos, ao converter para real, vai ser suficiente para cobrir a dívida?”, explica Galípolo
Nos últimos cinco anos, de acordo com Galípolo, por ausência de mecanismos do Brasil de financiamento das exportações brasileiras e importações argentinas, o país perdeu cerca de US$ 6 bilhões em espaço no comércio para a China, que ele afirma que vem viabilizando mecanismos de financiamento em alternativas de meios de pagamento.
O problema, segundo o secretário, é resolver isso em um comércio que usa uma moeda de um terceiro país que não participa desse comércio, que é o dólar.
‘Banco dos Brics‘
O secretário aponta que, por tanto Brasil e China serem os principais parceiros comerciais da Argentina, pode ser que haja um auxílio vindo por parte do New Development Bank, o “Banco dos Brics”, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
” A governança envolve cinco países. Como Brasil e China são os principais parceiros comerciais da Argentina, vai existir bastante interesse para que os dois discutam ali. A discussão são as restrições que a Argentina sofre de acesso a meio de pagamento que tenha aceitação no comércio internacional. Daí, a dificuldade de criar soluções que possam envolver moedas domésticas.”
Galípolo não confirmou se o “Banco dos Brics” vai ser envolvido, mas disse que há conversas do Brasil com “todos os bancos multilaterais sobre a questão da Argentina”. “A questão de ter ou não a ajuda do Banco dos Brics é porque tem um segundo país interessado em ajudar a Argentina, que é a China, que tem musculatura para que algo seja feito. Ter um parceiro como a China neste diálogo é muito relevante.”