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Campos Neto, aborto, taxa de até US$ 50, corte de gastos: veja os principais pontos da entrevista de Lula à CBN


- Crédito da Foto: Ricardo Stuckert/PR - Publicado em: 18 de junho de 2024


Presidente do BC ‘trabalha para prejudicar o país’; cobrar imposto sobre compras internacionais é ‘equivocado’; ‘nada é descartável’ no corte de gastos, pautas de costumes ‘não têm nada a ver com a realidade’; ‘eu poderei ser candidato’ em 2026.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, na terça-feira (18), uma entrevista à rádio CNB e falou sobre assuntos envolvendo política e economia do Brasil, como taxações de compras internacionais, Banco Central e gastos do governo. Veja, abaixo, os principais pontos da entrevista:

Banco Central

‘Só temos uma coisa desajustada no Brasil: é o comportamento do Banco Central’, diz Lula

Lula disse que o comportamento do Banco Central, que define a taxa básica de juros da economia brasileira, é a única “coisa desajustada” que existe no Brasil neste momento.

“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou Lula.

“Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real”, completou Lula.

Campos Neto

Em relação a Roberto Campos Neto, Lula disse que o presidente do BC, cujo mandato termina neste ano, tem pretensões políticas.

“A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em SP quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a economia dele?”, indagou.

Sobre o sucessor de Campos Neto, Lula disse que indicará para a presidência do Banco Central uma pessoa que tenha “compromisso com o crescimento do país”.

Taxa sobre compras de até US$ 50

‘Acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes’, diz Lula

Perguntado sobre a taxação de compras internacionais de até US$ 50, o presidente disse ser contrário à tributação. Na contramão, afirmou que assumiu um compromisso com a medida provisória (MP) que altera regras do Pis e Cofins.

“Por que taxar o pobre e não taxa o cara que vai no free shop gastar US$ 1 mil? Essa foi minha divergência, por isso vetei, houve acordo e eu assumi compromisso que eu aceitaria Pis e Cofins que dá mais ou menos 20%. Isso tá garantido. Eu pessoalmente, acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes.”

PL do Aborto

O presidente afirmou que pautas de costume debatidas no Congresso Nacional “não têm nada a ver” com a realidade do país e que não deveriam estar no centro dos debates do país. Questionado se havia “subestimado” a capacidade da ala conservadora do Legislativo, Lula comentou a recente polêmica envolvendo a PL que pretende equiparar o aborto ao crime de homicídio.

“Acho que pautas de costume, não gosto muito de discutir, não têm nada a ver com a realidade que vivemos. Quem está abortando são meninas de 12, 13, 14 anos. É crime hediondo o cidadão estuprar menina e depois querer que ela tenha um filho. Um filho de monstro”, afirmou Lula.

Para o petista, discussão sobre o tema deve ser “mais madura” e não feita de forma ‘banal’ como, na avaliação dele, ocorre atualmente.

Saidinha de presos

Lula disse que vetou a proposta que acaba com a saída temporária dos presos, a “saidinha”, em feriados e datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal por princípios e que sabia que seria derrubada.

“Eu tomei a decisão de vetar por uma questão de princípio. Se a família é a base da sociedade brasileira, como você pode proibir um cidadão que está preso pagando uma pena, que não cometeu crime hediondo, estupro. Como pode proibir esse cidadão de encontrar a sua família, se a família pode ser a base da recuperação dele?”, disse Lula.

O presidente diz que a decisão do veto foi dele e que a bancada do PT não foi favorável.

“Eu vetei sabendo que quando fosse pra lá eu ia perder, mas não tem problema. Eu queria que ficasse para história que o Lula vetou a proibição da saidinha porque o Lula acha que a família é a base da sociedade e que pode recuperar a pessoa”, completou.

Exploração de petróleo na Margem Equatorial

Sobre a exploração de petróleo, Lula disse que não vai abrir mão de explorar as reservas na chamada Margem Equatorial.

“Não tem contradição. Temos Guiana, Suriname explorando petróleo, próximo de nós. Não é uma coisa que está ali na Amazônia. Vamos debater tecnicamente. O que não dá é pra dizer, a priori, que vai abrir mão de explorar riqueza que é muito grande do Brasil. É contraditório? É, porque estamos apostando na transição energética. Mas Brasil tem que ganhar dinheiro com petróleo”, disse Lula.

A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas.

Em abril, a Petrobras informou que descobriu acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.

Gastos com saúde, educação e aposentadoria de militares

Questionado sobre os gastos públicos, Lula falou sobre pragmatismo e necessidade de mudanças.

“Nada é descartável. Eu sou um político muito pragmático. A hora que mostrarem provas que coisas estão erradas, a gente vai mudar”, declarou.

‘Eu poderei ser candidato’ em 2026

Questionado se poderia ser candidato em 2026, aos 80 anos, o presidente afirmou que essa é uma possibilidade.

“Quando chegar o momento, se tiver muita gente boa pra ser candidato, eu não preciso ser candidato. Agora se for necessário ser candidato, para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar, pode ficar certo que os meus oitenta anos virará em quarenta e eu poderei ser candidato”, disse.

O presidente afirmou que essa não é a primeira hipótese e que irá avaliar sua condição de saúde para poder anunciar uma eventual candidatura.

Por g1