A multidão reunida nas ruas de Londres, apesar da chuva, aplaudiu e comemorou o momento.
A rainha Camilla foi coroada imediatamente depois.
Sentados na primeira fileira da abadia, os herdeiros da coroa, William e Kate, de 40 e 41 anos, acompanharam a cerimônia religiosa, pontuada por cânticos de corais, sermões e leituras do Evangelho, concebida de acordo com um ritual de grande pompa que praticamente não mudou nós últimos mil anos.
Quase 2.300 convidados estavam no templo, incluindo a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como centenas de representantes da sociedade civil britânica.
O príncipe Harry, filho mais novo de Charles, que mantém uma relação tensa com a família real, sentou discretamente ao lado dos primos na terceira fileira, sem a esposa Meghan Markle, que ficou na Califórnia com os dois filhos do casal.
“Deus salve o rei Charles!”, afirmaram os presentes para marcar o início da cerimônia, depois que Charles III, de 74 anos, e Camilla, de 75, entraram com as capas cerimoniais na abadia, após uma breve procissão de carruagem que começou no Palácio de Buckingham.
Com a mão na Bíblia, o rei prestou juramento. Em seguida, na parte que é considerada a mais sagrada da cerimônia, o arcebispo Welby ungiu as mãos, o peito e a cabeça do monarca, que estava escondido da vista do público por uma tela.
Em substituição à tradicional homenagem dos aristocratas, o religioso convidou todas as pessoas, onde quer que estivessem assistindo ou ouvindo a coroação, a jurar lealdade ao novo rei, uma novidade histórica que pretendia democratizar a cerimônia, mas que provocou fortes críticas do movimento contrário à monarquia.
Manifestantes detidos
Milhares de fãs da monarquia se aglomeraram nas ruas de Londres, ao longo do percurso da carruagem real, para saudar os monarcas.
“Estamos muito entusiasmados, muito orgulhosos de sermos britânicos”, disse à AFP Phyllis Taylor, de 60 anos, que viajou da Escócia para Londres com o marido para “esta ocasião muito especial”.
No trajeto, no entanto, o casal real passou por cartazes do grupo antimonarquista “Republic”, com a frase “Not my king” (Não é meu rei). Ativistas foram detidos quando se preparavam para protestar.
“Prenderam seis dos nossos organizadores e confiscaram centenas de cartazes. Não disseram o motivo da detenção, nem para onde foram levados”, declarou à AFP um manifestante.
Quase 20 membros do grupo ecologista “Just Stop Oil” também foram detidos. A polícia, que mobilizou 11.500 agentes para a data, anunciou que não toleraria nenhum tipo de distúrbio.
“Nenhum ativista do ‘Just Stop Oil’ detido tinha cola, tinta ou qualquer plano para atrapalhar a coroação”, afirmou o grupo no Twitter.
“As novas leis policiais significam que agora vivemos em um pesadelo distópico: este exagero vergonhoso é o que poderíamos esperar em Pyongyang, Coreia do Norte, não em Westminster”, acrescentou, em referência a uma lei aprovada em caráter de urgência que dá mais poderes à polícia para impedir as manifestações.
ONGs como a Human Rights Watch também criticaram o bloqueio de “protestos pacíficos”.
Joias e vestimentas com ouro
Embora o rei desejasse uma cerimônia mais moderna e simples que a de sua mãe, em um momento de grave crise pelo aumento do custo de vida, três coroas cravejadas de diamantes foram utilizadas no evento: uma para Camilla e duas para Charles III, porque a coroa de Santo Eduardo é usada apenas no momento preciso da coroação.
Também foram utilizadas diversas vestimentas antigas bordadas a ouro: o rei apareceu com as peças de maneira progressiva durante a cerimônia, o que incluiu três cetros, uma espada cravejada de pedras preciosas e um par de esporas de ouro.
Para seguir as convicções ecológicas do monarca, o óleo utilizado na unção era vegano, mas foi consagrado – como a tradição exige – na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, onde os cristãos acreditam que Jesus foi enterrado.
Após a cerimônia, os monarcas, acompanhados por milhares de militares e integrantes da realeza, retornaram em uma nova procissão ao Palácio de Buckingham, onde, ao lado da família, acenam para a multidão.
O príncipe Harry não deve aparecer ao lado do pai, a menos que a família adote um gesto de reconciliação com o filho mais novo de Charles III, que fez duras críticas à monarquia, em particular contra a rainha Camilla e seu irmão William.
AFP