- Crédito da Foto: Tomaz Silva - Agência Brasil - Publicado em: 1 de março de 2023
Ele é o titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, por onde passaram grandes casos de combate à corrupção. Bretas responde a três processos administrativos no Conselho Nacional de Justiça.
CNJ afasta juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, por supostos desvios de conduta
O Conselho Nacional de Justiça afastou do cargo o juiz federal Marcelo Bretas por supostos desvios de conduta. O magistrado foi o responsável pelas decisões da Lava Jato do Rio de Janeiro.
O julgamento no Conselho Nacional de Justiça começou no início da tarde desta terça-feira (28). O corregedor do CNJ, ministro Luís Felipe Salomão, explicou que os processos estão em segredo de Justiça por terem como base delações premiadas. Por isso a sessão foi a portas fechadas, ficaram apenas os advogados do juiz federal Marcelo Bretas.
Ele é o titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, por onde passaram grandes casos de combate à corrupção. No braço carioca da Lava Jato, o juiz condenou o ex-governador Sérgio Cabral a penas que somam mais de 400 anos de prisão. E mandou para a cadeia doleiros, empresários, deputados estaduais, os ex-governadores Luiz Fernando Pezão e Moreira Franco e até o ex-presidente Michel Temer.
Bretas responde a três processos administrativos no CNJ. O primeiro é de autoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que pede o afastamento do juiz a partir de uma reportagem da revista “Veja”. Segundo a reportagem, Bretas teria negociado penas, orientado advogados e combinado estratégias com o Ministério Público.
O pedido do conselho também cita a participação do juiz em evento de natureza política ao lado do então presidente Jair Bolsonaro. E uma suposta atuação para influenciar o resultado das eleições de 2018 e favorecer Wilson Witzel, que disputava o governo do estado do Rio com Eduardo Paes.
Paes, atual prefeito do Rio, é o autor do segundo processo. Ele diz que Bretas agiu em favor da candidatura de Witzel. Paes argumenta que, a poucos dias do primeiro turno, o juiz tomou o depoimento do ex-secretário de Obras de sua gestão Alexandre Pinto. E que teria conduzido as perguntas insinuando um possível envolvimento dele num escândalo de corrupção na prefeitura do Rio. Eduardo Paes não era sequer investigado. Ele afirma que a repercussão negativa foi decisiva para sua derrota.
Há ainda a reclamação disciplinar de autoria do próprio CNJ para apurar uma suposta proximidade do juiz com o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, que defendeu réus da Lava Jato. A denúncia aparece em três delações premiadas já homologadas em Brasília.
Doze dos 15 integrantes do Conselho Nacional de Justiça votaram pela abertura de processo contra o juiz federal Marcelo Bretas. A maioria também decidiu que ele vai ficar afastado das suas funções enquanto durar a apuração.
O CNJ não analisa os processos julgados por Bretas, apenas a conduta dele como juiz. O procedimento no conselho deve durar 140 dias, podendo haver prorrogação. No final, o juiz poderá ter o caso arquivado ou sofrer pena, que vai de uma simples advertência até aposentadoria compulsória ou demissão.
O juiz Marcelo Bretas disse que sempre atuou na forma da lei para a realização da Justiça e que não pode comentar a decisão do CNJ porque não teve acesso a ela, por ter sido tomada em sessão sigilosa sem a participação da Associação dos Juízes Federais.
G1