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Como Nós Tratamos Nossa Mãe?


Publicado em: 14 de junho de 2020


Viramos a mãe Terra de pernas para cima. E isto não precisa ser totalmente ruim, é possível que possamos encontrar e escolher novas maneiras de interpretar o mundo e lidarmos com ele. Estruturalmente, o mundo estava doente, conjunturalmente, estava na UTI. As opções que fizemos nos últimos anos, décadas, aliás, não foram as mais felizes para a história da humanidade; em tão variados aspectos e de maneira tão intensa, meio que um turbilhão de decisões muito ruins que resultaram num colapso que alcançou tanto continentes, países, governos, sociedades, até cada um de quase todos os indivíduos no mundo.

Escolhemos ignorar a destruição sistemática que fizemos antes e fazemos ainda hoje ao meio ambiente (enchemos a atmosfera dos piores gases possíveis, roubamos o lar dos animais, produzimos escandalosas montanhas de lixo, etc), privilegiamos ainda mais os privilegiados e abandonamos descaradamente os despossuídos, criamos então a extrema pobreza, uma designação tão monstruosa e vergonhosa para o ser humano ter em seu legado, que deveríamos passar as próximas décadas focados em expurgá-la. Assim como não deveríamos sossegar, nem deixar nenhum centímetro de cada parte do planeta, das micros às macro cidades, sem a inclusão de cada minoria, cada maltrapilho, esfarrapado, abandonado socialmente, seja pelos governos, Estado e/ou sociedades.

Devemos repudiar um mundo onde fique alguém de fora do bem estar social, onde humanamente todos não se sintam acolhidos. É abominável viver onde crianças são continuamente maltratadas diariamente, e passamos ao largo das dores dos nossos semelhantes indiferentes, ansiosos para sentarmos num sofá macio para assistirmos às piores imbecilidades que o ser humano ano já produziu e não pára de produzir.
Jamais deveríamos ter deixado que uma ínfima parcela de pessoas possuam a maior parte do dinheiro do mundo e a maior parte não tenha nem a dignidade básica de três refeições por dia. Isso é inaceitável.

Se não quisermos, por iniciativa própria, que nos tornemos órfãos, abandonados por nossa mãe universal, que em sua infinita bondade e sabedoria acolhe a todos, melhor repensarmos como a tratamos, hoje e sempre. Falhamos miseravelmente como filhos adotados deste espetacular planeta, que nos garante tudo que precisamos. Esta nossa mãe não é uma mãe “Amélia”, mergulhada num ambiente retrógrado, misógino e sexista, ela é moderna, acolhedora, mas cada um tem que fazer sua parte. E ela adoece se não tiver plenas condições de saúde em todos os seus aspectos como entidade viva: físico, mental, emocional, intelectual e até econômico. Mãe doente não pode cuidar de seus filhos.

Igualdade, fraternidade e liberdade, erguidos como ideal e como mola propulsora da moderna humanidade, ainda são a herança que não conseguimos manter, perdulários que somos, e sem essa herança, com certeza não vingaremos.

Por Cristine Souza -Cientista Social – Redatora de Conteúdos Digitais