Publicado em: 27 de março de 2019
O evento contou com a participação de ambientalistas e representantes de órgãos públicos.
As dificuldades de evitar que rios, lagoas e principalmente nascentes desapareçam por completo em Feira de Santana e outros municípios da região foram discutidos durante o encontro de integrantes do Conselho de Gestão da Área de Proteção Ambiental do Lago de Pedra do Cavalo, na manhã de ontem (26). O evento contou com a participação de ambientalistas e representantes de órgãos públicos.
A professora Tainá Mamede representou a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Ela se mostrou preocupada com a degradação dos mananciais e defende a união do setor público e da iniciativa privada.
“A água é um recurso natural muito importante para a sobrevivência de todas as espécies e é muito escassa a água de qualidade. As nascentes são ameaçadas constantemente e esse trabalho que estamos desenvolvendo contempla a preservação dessas nascentes. As pessoas não têm o conhecimento da importância dessas nascentes e acabam contaminando. Também temos um problema sério de saneamento básico por parte do governo e é uma junção de todas as entidades que prejudica o funcionamento das nascentes”, afirmou.
Um grupo de estudantes do curso de energia e sustentabilidade da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) vem participando do trabalho de georreferenciamento das nascentes em Feira de Santana. A estudante Samara Assunção explica como está a participação dos estudantes nesse projeto.
“Entramos nesse projeto para ajudar as nascentes vivas e tínhamos uma disciplina em nosso currículo onde a gente tinha que criar um projeto e resolvemos fazer um site. Está sendo muito importante, pois estamos juntando o tripé da universidade, que é extensão, pesquisa e ensino. É um momento de muito aprendizado”, destacou.
A engenheira ambiental da empresa Gujão Alimentos, Cristiane Brandão, também esteve presente no encontro. Segundo ela, a empresa se preocupa com o meio ambiente e cumpre a legislação.
“Sem a sustentabilidade fica difícil sobreviver. Tem próximo da nossa empresa a nascente onde foi feito um estudo, onde está tendo uma invasão e a empresa se preocupou com essa questão, pois o pessoal está devastando a área. Nós dependemos dos recursos hídricos, que são fundamentais para nossa atividade”, afirmou.
O ambientalista e sociólogo, Carlos Homero Carvalho, informou que com a realização das obras do shopping popular no Centro de Abastecimento surgiu uma nascente ao lado do mercado da farinha. Ele acha que a recente invasão de água ao mercado de carnes e laticínios não foi apenas por causa da chuva, mas devido a essa nascente.
“Temos uma nascente de grande potencial que vai ficar submissa ao shopping popular, que é aquela nascente do Centro de Abastecimento. As chuvas chegaram agora na cidade, mas antes disso já podíamos observar de longe bombas de grande potência, puxando água para tentar secar. Isso foi denunciado para a prefeitura e o Inema, mas até hoje não vi nenhuma resposta, nada se fala. Ali houve um rebaixamento para nivelar o empreendimento e com isso a água veio a tona”, disse.
O chefe de educação ambiental da prefeitura de Feira de Santana, João Dias, disse que há uma preocupação sobre as nascentes pertencentes a sub-bacia do Jacuípe. “Temos essa preocupação, procuramos envolver as universidades que são os centros de pesquisa, além dos parceiros para que tenham um conhecimento do nosso trabalho”.
O técnico do Instituto estadual do Meio Ambiente Inema, Marcio Pimentel, que também é presidente do conselho gestor do Lago de Pedra do Cavalo, destacou os principais temas do encontro. “Abordamos as nascentes que estão nas bacias do Rio Jacuípe em Feira, abordamos também o histórico das unidades de conservação no mundo e no Brasil e também o papel do gestor e conselheiro em um conselho como este”, informou.