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Depoimento de Mauro Cid à PF durou mais de 9 horas e só terminou na madrugada de terça


- Crédito da Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados - Publicado em: 12 de março de 2024


O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento à Polícia Federal — na sede da PF, em Brasília — por mais de nove horas.

Cid começou a ser ouvido por volta das 15h da segunda-feira (11) e só foi liberado na madrugada de terça (12), pouco depois da meia-noite e quinze.

Mauro Cid foi ouvido como colaborador no inquérito que investiga a participação de Bolsonaro, de ex-ministros e militares em uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

Cid não é investigado neste caso. O tenente-coronel fechou um acordo de delação premiada com a PF em setembro do ano passado e, desde então, tem a obrigação de dar novas informações para a polícia para não perder os benefícios desse acordo .

Até a última atualização desta reportagem, ainda não havia detalhes do teor desse último depoimento de Mauro Cid.

Histórico de depoimentos

Este foi o sétimo depoimento de Mauro Cid à PF. Os mais longos foram em 28 de agosto de 2023, com 10 horas, e, em 31 de agosto de 2023, com 12 horas. Veja lista completa abaixo.

  1. 3 de maio de 2023: não falou
  2. 18 de maio de 2023: não falou
  3. 6 de junho de 2023: não falou
  4. 25 de agosto de 2023: 2 horas
  5. 28 de agosto de 2023: 10 horas
  6. 31 de agosto de 2023: 12 horas
  7. 11 de março de 2024: 9 horas

Delação

Em setembro de 2023, Cid fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal – os termos ainda são mantidos em sigilo. À época do acordo, Cid era suspeito de:

Promoção no Exército

Cid poderia ser promovido de tenente-coronel do Exército para coronel em abril em razão do tempo de serviço. Mas, conforme antecipado pelo blog do Gerson Camarotti na última semana, já há decisão na cúpula militar de que ele seja mantido na atual patente.

Se confirmada, a decisão será considerada atípica ja que bastaria cumprir requisitos de antiguidade e bravura, requisitos que Mauro Cid preenchia até virar pivô de diversas investigações na Polícia Federal.

Entre os fatores apontados para que Cid não seja promovido estão o fato dele não ter o comando o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia.

Cid chegou a ser indicado ao cargo no fim do governo Bolsonaro, mas a decisão foi revertida pelo atual Comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. A função estratégica era considerada fundamental para que ele pudesse ser promovido.

Além disso, o tenente-coronel está afastado do trabalho em um ano considerado essencial para o militar se destacar na carreira.

Ainda sem denúncia

Até agora, Mauro Cid não tem foi formalmente denunciado na Justiça em nenhum dos casos em que é investigado. Isso o colocaria na situação de “sub judice”, que é considerado um veto formal para promoções do Exército.

“Os militares da ativa concorrem às promoções pelos critérios por antiguidade ou merecimento, que são analisados por uma Comissão de Promoção de Oficias (CPO). A promoção por antiguidade está relacionada com a precedência hierárquica e a promoção por merecimento se baseia no conjunto de qualidades e atributos do militar”, explicou o Exército em nota.

Ainda segundo a força, a CPO é presidida por um general e verifica se os oficiais em condições de promoção atendem os requisitos previstos na lei.

“Cabe esclarecer que não foi aberto procedimento administrativo sobre os casos que envolvem o referido oficial, pois este se encontra à disposição da Justiça, em processo que corre em sigilo”, diz o órgão na nota.

Delação

Em setembro de 2023, Cid fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal – os termos ainda são mantidos em sigilo. À época do acordo, Cid era suspeito de:

Desde então, a delação de Cid já foi utilizada pela PF para embasar a operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de estado envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, militares e ex-ministros e funcionários do governo anterior.

Por Vinícius Cassela, Fábio Amato, Vladimir Netto, Ana Clara Alves, g1 e TV Globo — Brasília