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Eleição 2- O futuro que nos espera


Publicado em: 2 de novembro de 2022


  • É preciso manter certa distância dos eventos políticos para compreender os fatos. Por maior que seja o horror de boa parte do eleitorado a Lula é preciso entender que sua história está impregnada na memória afetiva de muitos brasileiros. E ele faz essa comunicação de forma eficiente.  Da mesma forma, a construção da estética de horror a Bolsonaro faz com que muitos subestimem a forma eficaz – e não estou discutindo a persona, favor entender- como ele se comunica com o eleitor. Não foi a toa que teve 58 milhões de seguidores e perdeu a eleição por meros 2 milhões de votos. Ambos, ao seu modo, encontraram uma maneira de mobilizar as emoções dos eleitores em um processo de catarse de enfrentamento.

A grande surpresa não foi a vitória de Lula, mas o tamanho do eleitorado que votou em Bolsonaro apesar de toda oposição do sistema (mídia, artistas, parte do Judiciário, ministros do TSE, TCU, STF) e dos devastadores erros que ele cometeu.  A votação mostrou que existe um movimento conservador maior do que o Bolsonarismo. Esse eleitorado colocou Tarcísio em São Paulo, derrotando Haddad, e estabeleceu uma bancada de centro-direita que é maioria pela primeira vez no Congresso.

A grande dúvida pós-eleitoral é o que acontecerá com esse eleitorado que reconhece legalidade jurídica na vitória de Lula, mas não reconhece legitimidade moral, visto que  suas condenações foram anuladas no STF- que não goza de boa credibilidade- por  Curitiba ser o foro inadequado, sem julgarem o mérito da corrupção apontada.

As reações iniciais sugerem que parte do eleitorado- que flertou com o golpismo-  continuará seguindo Bolsonaro e não será intimidado por apelidos pejorativos.  A dúvida é se ele sobreviverá ou se esse eleitorado buscará algum líder de direita alternativo, como Tarcísio, por exemplo, se tiver bom desempenho em São Paulo.  Alguns apontam que Bolsonaro poderá ser responsabilizado criminalmente em alguns dos processos que correm na justiça de modo que impeça nova candidatura, até porque, como já vimos, alguns de nossos tribunais sofrem de incurável relatividade jurídica.

Por outro lado, o desenho da vitória de Lula sugere um governo que será obrigado a fazer composição com outras forças o que evitará um governo mais radical. Ao menos, em tese.

Seja como for teremos uma complexa equação para ser resolvida e considero que será extremamente difícil o fim da divisão em que se encontra o país e que as dificuldades que Lula terá serão maiores do que sua passagem anterior no poder.

O que podemos torcer é que Lula faça um bom governo – sem os vícios do passado- que acabe por mitigar a fronteira de confronto que rachou o Brasil.

Dr. César Oliveira – Tribuna Feirense