Publicado em: 2 de novembro de 2022
A grande surpresa não foi a vitória de Lula, mas o tamanho do eleitorado que votou em Bolsonaro apesar de toda oposição do sistema (mídia, artistas, parte do Judiciário, ministros do TSE, TCU, STF) e dos devastadores erros que ele cometeu. A votação mostrou que existe um movimento conservador maior do que o Bolsonarismo. Esse eleitorado colocou Tarcísio em São Paulo, derrotando Haddad, e estabeleceu uma bancada de centro-direita que é maioria pela primeira vez no Congresso.
A grande dúvida pós-eleitoral é o que acontecerá com esse eleitorado que reconhece legalidade jurídica na vitória de Lula, mas não reconhece legitimidade moral, visto que suas condenações foram anuladas no STF- que não goza de boa credibilidade- por Curitiba ser o foro inadequado, sem julgarem o mérito da corrupção apontada.
As reações iniciais sugerem que parte do eleitorado- que flertou com o golpismo- continuará seguindo Bolsonaro e não será intimidado por apelidos pejorativos. A dúvida é se ele sobreviverá ou se esse eleitorado buscará algum líder de direita alternativo, como Tarcísio, por exemplo, se tiver bom desempenho em São Paulo. Alguns apontam que Bolsonaro poderá ser responsabilizado criminalmente em alguns dos processos que correm na justiça de modo que impeça nova candidatura, até porque, como já vimos, alguns de nossos tribunais sofrem de incurável relatividade jurídica.
Por outro lado, o desenho da vitória de Lula sugere um governo que será obrigado a fazer composição com outras forças o que evitará um governo mais radical. Ao menos, em tese.
Seja como for teremos uma complexa equação para ser resolvida e considero que será extremamente difícil o fim da divisão em que se encontra o país e que as dificuldades que Lula terá serão maiores do que sua passagem anterior no poder.
O que podemos torcer é que Lula faça um bom governo sem os vícios do passado- que acabe por mitigar a fronteira de confronto que rachou o Brasil.
Dr. César Oliveira – Tribuna Feirense