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Em audiência de custódia, Roberto Jefferson se desculpa com prostitutas por compará-las à ministra Cármen Lúcia


- Crédito da Foto: Valter Campanato/Agência Brasil - Publicado em: 27 de outubro de 2022


Em um novo ataque à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) declarou, na segunda-feira (24), durante a audiência de custódia, que agiu mal ao comparar as prostitutas à magistrada. “Quero pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade”, disse.

Um dos principais apoiadores da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jefferson teve a prisão domiciliar convertida em prisão preventiva logo um vídeo gravado por ele ser veiculado, na sexta-feira (21), em suas redes sociais, por sua filha, Cristiane Brasil (PTB). Na gravação, o político chama Cármen Lúcia de “prostituta”, “arrombada” e “vagabunda”, além de dirigir à magistrada outras ofensas de baixo calão.

A determinação expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), baseou-se no fato de que ofender e atentar contra a honra de membros da Suprema Corte é crime, com pena de reclusão prevista no Código Penal Brasileiro.

Roberto Jefferson recebeu a equipe da Polícia Federal (PF) designada para cumprir seu mandado de prisão a tiros. De dentro de sua residência, na cidade de Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, o ex-parlamentar efetuou mais de 20 disparos de fuzil na direção dos agentes, além de lançar três granadas de efeito moral, cujos estilhaços acabaram ferindo um delegado e uma policial que participava da operação. Ambos passam bem.

Após o ataque armado, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão em flagrante do acusado, por tentativa de homicídio. Jefferson resistiu por oito horas, chegando, inclusive, a declarar que só sairia morto. Os agentes federais, no entanto, conseguiram prendê-lo e encaminhá-lo à sede da PF, após um longo processo de negociação.

Transferido para o presídio de Benfica, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, na madrugada de segunda-feira (24), o político passou pela audiência de custódia na tarde de ontem. Durante o depoimento, Roberto Jefferson afirmou que deixou um pedido de desculpas por escrito à Polícia Federal. “Encontrei a moça que se machucou no cotovelo e na testa e ela estava zangada”, disse.

Além de manter as ofensas à ministra Carmen Lúcia, o ex-deputado também voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, alegando que o magistrado tem um “problema pessoal” com ele. “Ele diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas”, declarou, referindo-se ao inquérito que investigou sua atuação junto a uma organização criminosa criada para atentar contra o Poder Judiciário e a Democracia.

A prisão de Roberto Jefferson foi mantida pelo juiz de plantão. Ele deve ser conduzido ao presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericinó. O ex-deputado passou por esta unidade prisional em agosto do ano passado, por causa de ataques verbais ao Estado Democrático de Direito, o que também é crime, segundo a Constituição Federal e o Código Penal.

Posteriormente, a defesa de Jefferson conseguiu o relaxamento de sua prisão, que foi convertida em domiciliar. O ex-parlamentar, no entanto, conforme apontam o TSE e o STF, vinha descumprindo diversas medidas cautelares. Ele teria recebido visitas, dado orientações aos dirigentes do PTB, usado redes sociais, concedido entrevistas e promovido a disseminação de notícias falsas. O atentado do último domingo contra a Polícia Federal e a imensa quantidades de armas de grosso calibre que o político mantinha em casa foram encarados pelo Poder Judiciário como a gota d’água.