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Faltando três meses para as eleições, as pesquisas de intenções de voto ainda são vistas como incapazes de traçar um cenário claro sobre quem será o próximo presidente da República


Publicado em: 26 de julho de 2018


 

 

O alto índice de indecisos contribui para o cenário de incertezas.

A três meses das eleições, as pesquisas de intenções de voto ainda são vistas como incapazes de traçar um cenário claro sobre quem será o próximo presidente da República e até mesmo sobre quais nomes que avançarão para um eventual segundo turno. Um dos fatores de incerteza é qual será a capacidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas mesmo preso, transferir votos a outro nome caso a sua candidatura seja vetada.

O outro ponto de dúvida diz respeito ao elevado número de eleitores indecisos, refletindo o desgaste da classe política diante dos escândalos de corrupção e a impopularidade recorde do governo Temer.

Os indecisos (cujo número aumenta quando Lula não aparece na nominata) levantam duas dúvidas cruciais: se eles vão mesmo se decidir por algum nome (caso em que cenário mostrado pelas pesquisas hoje poderia ser alterado) ou se engrossarão os votos brancos e nulos (hipótese em que o atual quadro teria mais chances de se materializar nas urnas).

“Enquanto o PT não decidir sua estratégia, os resultados das pesquisas ficam meio artificiais”, diz o cientista político Rafael Cortez. “A transferência dos votos do ex-presidente deve ser suficiente para dar competitividade ao ‘plano’ B do partido, seja quem for o escolhido.”

Esse candidato teria chance de ir ao segundo turno, ameaçando desbancar Ciro Gomes e até mesmo Marina Silva, que segue com imagem mais identificada com a esquerda, apesar das ideias econômicas liberais de alguns dos seus assessores.

Indecisos

Uma dúvida sobre a tese de que o percentual de indecisos vai cair na hora H e de que a influência de Lula será forte foi levantada pela eleição extraordinária de junho no Tocantins. Na eleição houve 43,5% de brancos, nulos e abstenções e a candidata apoiada por Lula e outras lideranças do PT, a ex-ministra Katia Abreu ficou em quarto lugar, fora do segundo turno.

Se o percentual excepcional de indecisos que vem sendo mostrado pelas pesquisas se preservar até a eleição de outubro, o atual cenário poderia ser mantido, favorecendo o líder Jair Bolsonaro e os demais ponteiros, Ciro e Marina.

Caso contrário, a posição do pré-candidato do PSL poderia ser ameaçada, assim como os nomes de esquerda que sofreriam a concorrência do plano B petista.

Para o analista político Richard Back, o cenário de indecisos não deve ficar cristalizado como está até o final da eleição. “Na hora H, o eleitor vai votar”, diz ele. Back concorda com a ideia de que a definição de Lula é muito importante e o destino dos seus eleitores pode não favorecer Bolsonaro, pois a maioria dos votos do petista vem de mulheres, pobres e do Nordeste.

“Quando Lula sai do cenário, aumenta o número de indecisos, mas é muito difícil para Bolsonaro conseguir esses votos”, diz o analista. Para ele, Fernando Haddad deve ser o maior beneficiário caso Lula não seja candidato, pois tende a ter 44% dos votos órfãos do ex-presidente. Marina seria a segunda mais beneficiada no cenário sem Lula e Ciro, o terceiro.

Dentre os nomes vistos como mais pró-reformas, o tucano Geraldo Alckmin tenta sair de um incômodo quarto lugar na maioria das pesquisas articulando apoios de forças do chamado centrão e do DEM, também disputadas por Ciro.