Em sua campanha internacional, Torres participou recentemente do Governors Awards, evento organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que presta homenagens a profissionais da indústria do cinema. A presença da atriz no evento gerou burburinho entre críticos e fãs brasileiros, que lotaram as redes sociais da Academia pedindo a indicação. “Vai fazendo campanha, Academia, vai fazendo”, brincou um internauta em um dos comentários.
Segundo Scott Feinberg, colunista do The Hollywood Reporter e especialista em previsões para o Oscar, a brasileira está entre as principais apostas para a categoria de Melhor Atriz, atualmente ocupando a sexta posição. Embora a lista final conte com apenas cinco nomes, o avanço constante da atriz nas previsões tem gerado otimismo entre os críticos e o público. Feinberg também aponta que “Ainda Estou Aqui” tem chances reais em categorias como Melhor Filme, Melhor Direção para Walter Salles e Melhor Roteiro Adaptado.
O legado de Fernanda Montenegro no Oscar
A possível indicação de Fernanda Torres inevitavelmente remete à histórica nomeação de Fernanda Montenegro ao Oscar em 1999, por sua atuação como Dora em “Central do Brasil”. Na época, Montenegro foi a primeira e, até hoje, única atriz brasileira indicada ao prêmio de Melhor Atriz. Sua performance foi aclamada internacionalmente, e a indicação consolidou o nome da atriz e do cinema brasileiro no cenário mundial.
Naquela cerimônia, Montenegro disputou a estatueta ao lado de Cate Blanchett (“Elizabeth”), Meryl Streep (“Um Amor Verdadeiro”), Emily Watson (“Hilary e Jackie”) e Gwyneth Paltrow (“Shakespeare Apaixonado”), que acabou levando o prêmio. A derrota de Montenegro gerou debates acalorados, tanto na época quanto nos anos seguintes. Em uma entrevista ao programa “Milênio”, da Globonews, em 2018, Montenegro falou sobre a experiência:
“Era impossível levar aquele prêmio. Imagina. Meryl Streep perdeu. A [Cate] Blanchett no seu auge, fez duas Elizabeths extraordinárias… Como eu ia pensar em ganhar alguma coisa? Fiquei lá, foi interessante, importante. Não é que não é importante, não estou jogando fora e nem menosprezando, pelo amor de Deus. É uma experiência humana e, dentro da nossa área, espantosamente interessante de ver”
Fernanda também destacou a força das campanhas pré-Oscar e como elas influenciam o resultado. “Vale muito aquele prêmio nos Estados Unidos. É uma coisa extremamente americana, com repercussão no mundo. Lá, ninguém tem problema de fazer lobby”, explicou.
O resultado daquela cerimônia também foi questionado por outras estrelas, como Glenn Close. Em 2020, a atriz americana mencionou o episódio durante uma entrevista: “Eu lembro aquele ano em que Gwyneth Paltrow ganhou daquela atriz incrível de ‘Central do Brasil’. Eu pensei: ‘O quê? Isso não faz sentido’”.
Uma nova esperança para o Brasil no Oscar
A performance de Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui” foi descrita como “poderosa” e “profundamente tocante” por críticos internacionais. No longa, a atriz interpreta Eunice Paiva, uma mulher que se transforma em uma das mais importantes ativistas dos direitos humanos no Brasil após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), durante a ditadura militar.
Caso receba a indicação, Torres e Montenegro se tornarão a primeira dupla de mãe e filha brasileiras a serem reconhecidas pelo Oscar na categoria de Melhor Atriz. Além de representar uma conquista pessoal e familiar, a nomeação seria um marco para o cinema nacional, reafirmando o talento e a relevância do Brasil no cenário internacional. Enquanto a lista oficial de indicados será revelada em 17 de janeiro de 2025, o entusiasmo e as expectativas em torno de “Ainda Estou Aqui” continuam a crescer.
Tiago Mascarenhas