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Governo Bolsonaro precisa de ‘conflitos’ para se manter em evidência, diz filósofo


Publicado em: 15 de maio de 2019


 

Em entrevista à Rádio Metrópole, Marcos Nobre afirmou que o presidente é o primeiro que “não tem a pretensão de governar para todo mundo”

 

O filósofo, professor e escritor Marcos Nobre avaliou, hoje (15), em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, o governo de Jair Bolsonaro como baseado em “conflitos”. Segundo Nobre, o atual presidente é o primeiro que “não tem a pretensão de governar para todo mundo” e precisa continuar em “clima de campanha” para se manter no poder.

“Na eleição de 2018, a gente já vinha de uma crise econômica e política, e a gente teve uma atitude do sistema político de se blindar contra a sociedade, em vez de se abrir. Era uma regra eleitoral em que ou você colocava todo mundo de volta, igual, ou você quebrava todas as regras. Não deram uma alternativa mediana. Então, o que aconteceu foi que o eleitorado resolveu quebrar tudo. Bolsonaro foi eleito porque quebraram tudo. Agora, o problema não é esse: o problema é que ele não veio pra reconstruir nada. Ele não veio pra reconstruir as instituições, para refazer a política do Brasil. (…) A sociedade tem o papel fundamental, nessa história, de reconstruir”, analisou.

Para o filósofo, o governo de Bolsonaro não se baseia apenas nos confrontos com a sociedade e com o Congresso, mas também entre as diferentes alas que o compõem, como as recentes rusgas envolvendo discípulos do “guru” Olavo de Carvalho e militares. “Olavo veio para desorganizar, e a desorganização que ele traz faz parte da lógica desse governo: um organiza, o outro desorganiza”, explicou Nobre, acrescentando que não se sabe “até quando” os militares estarão dispostos a organizar o caos.

Ainda segundo Nobre, a oposição está “perdida”, pois, ao defender as instituições democráticas, é associada à “velha política” e ao “sistema”. O cenário é agravado pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Por Juliana Rodrigues