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Imigração, economia e aborto: o que pensam Kamala e Trump diante dos principais temas das eleições nos EUA


- Crédito da Foto: vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata Kamala Harris, e o ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump - Foto: Brendan Smialowski e Peter Zay / AFP - Publicado em: 2 de novembro de 2024


 

Posicionamento dos Estados Unidos diante dos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia também atrai interesse dos eleitores. Pleito está marcado para o dia 5 de novembro.

 

Temas como imigração, economia, aborto e política externa têm dominado os debates nas eleições presidenciais deste ano nos Estados Unidos. Sobre a mesa, estão dois projetos de governo diferentes: de um lado, a democrata Kamala Harris defende uma agenda mais progressista e com foco no social; de outro, o republicano Donald Trump tem propostas mais conservadoras e protecionistas.

Os dois candidatos divergem na maioria desses assuntos e acusam um ao outro de incapacidade de gerir os principais problemas dos Estados Unidos. As eleições estão marcadas para o próximo dia 5 de novembro.

Veja o que pensam Kamala e Trump sobre:

  1. Imigração
  2. Economia
  3. Aborto
  4. Política externa
  5. Imigração

Críticos ao nome da democrata apontam a segurança na fronteira e a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos como pontos fracos da sua campanha. Desde 2021, o governo de Joe Biden luta para reduzir o número recorde de pessoas cruzando ilegalmente a fronteira com o México.

▶️ Propostas de Kamala

Kamala Harris chegou a ser escolhida por Biden como uma intermediária entre os Estados Unidos e países da América Central para discutir a questão migratória. A ideia seria convencer outros governos a desestimularem a migração.

A estratégia democrata se tornou pouco eficaz, e Kamala acabou sendo apelidada pelos republicanos de “czar da fronteira” — em referência aos imperadores russos que tinham poderes plenos. Com isso, os adversários tentaram colar na democrata a responsabilidade pelos problemas migratórios.

Kamala vem adotando um discurso mais moderado. Quando trata do assunto, tenta lembrar que os Estados Unidos foram formados por imigrantes. Ela também pede para que estrangeiros não venham ao país de forma ilegal e diz que lutou contra o tráfico internacional quando era procuradora da Califórnia.

A democrata promete enviar e aprovar uma lei no Congresso para reforçar a segurança na fronteira. Segundo ela, a proposta foi construída em conjunto com vários setores da sociedade, incluindo os agentes que patrulham a região.

▶️ Posicionamento de Trump

Em fevereiro deste ano, o Congresso dos EUA chegou a discutir uma proposta bipartidária sobre a fronteira. O projeto, no entanto, não avançou. À época, Trump pediu para que os republicanos votassem contra o texto para evitar uma vitória política de Biden.

Na campanha, Trump promete retomar políticas migratórias da época em que era presidente, entre 2017 e 2021. Ele também afirma que irá fazer a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos.

Para Donald Trump, a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos está resultando em uma onda de crimes. No entanto, não existem dados que comprovem isso. Em setembro deste ano, o FBI afirmou que os Estados Unidos vivem uma redução nos registros de crimes violentos.

  1. Economia

Trump e Kamala têm trocado acusações sobre a gestão na economia. O republicano critica a inflação nos Estados Unidos e o alto custo de vida. Já os democratas argumentam que estão corrigindo problemas e melhorando números ruins herdados pelo governo Trump.

▶️ Kamala Harris

A candidatura democrata promete reduzir o custo de vida dos norte-americanos, principalmente da classe média. Kamala quer fortalecer as pequenas empresas e taxar ricos para garantir distribuição de renda. Veja algumas propostas:

  • Incentivo industrial: fornecer créditos fiscais para estimular a indústria doméstica e investir em setores “do próximo século”, como biotecnologia e inteligência artificial.
  • Imposto sobre ricos: implantar um imposto de 25% sobre pessoas com fortunas acima de US$ 100 milhões, incluindo ganhos de capital.
  • Imposto corporativo: aumentar a alíquota das grandes empresas de 21% para 28%, o que geraria US$ 1 trilhão para as contas públicas em 10 anos.
  • Habitação acessível: fornecer crédito de US$ 25 mil para ajudar pessoas a comprar o primeiro imóvel. Estimular novas construções e reduzir custos para locatórios e compradores por meio de incentivos fiscais.

Especialistas em orçamento público avaliam que pode haver um impacto negativo, mas que, a depender das propostas adotadas, poderia até vir a manter as contas no azul. Em uma década, o plano democrata tem potencial para reduzir os déficits em US$ 400 bilhões ou aumentá-los em US$ 1,4 trilhão.

▶️ Donald Trump

O candidato republicano foca seu plano econômico no corte de impostos e aumento de tarifas para produtos importados. Trump também diz ser contrário a incentivos para transição energética. Confira as propostas:

  • Imposto sobre importações:impor tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, além de tarifas de 60% ou mais sobre produtos vindos da China.
  • Imposto corporativo: reduzir a alíquota de 21% para 15%, para incentivar a produção nacional.
  • Corte de impostos: eliminar os impostos sobre horas extras e gorjetas dos trabalhadores, além de ampliar um corte de impostos para todas as classes, incluindo os mais ricos.
  • Indústria: apoiar a indústria de petróleo e gás para impulsionar a economia, além de acabar com o incentivo fiscal para a compra de veículos elétricos.

Analistas orçamentários dizem que os cortes de impostos prometidos por Trump podem gerar um déficit entre US$ 3,6 trilhões e US$ 6,6 trilhões ao longo de 10 anos.

  1. Aborto

Manifestantes pró e contra o direito ao aborto fazem manifestação em frente à Suprema Corte em Washington, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano. — Foto: Saul Loeb/AFP

O aborto e os direitos reprodutivos das mulheres são pautas delicadas para os republicanos. Enquanto Kamala Harris defende uma lei nacional para garantir a possibilidade de procedimentos para interromper a gravidez em todo o país, Trump quer deixar a responsabilidade para os estados.

▶️ Posição de Trump

Donald Trump já demonstrou várias vezes ter orgulho de ter nomeado juízes conservadores para a Suprema Corte. Essas nomeações ajudaram a derrubar a lei “Roe contra Wade”, que garantia o direito ao aborto nos Estados Unidos desde os anos 1970.

No entanto, desde que a lei foi derrubada no país, o apoio ao aborto legal cresceu nos Estados Unidos. Além disso, a medida gerou legislações diferentes em cada um dos estados, que possuem autonomia para decidir sobre o tema.

Diante deste cenário, mulheres grávidas que vivem em estados onde o aborto é proibido têm viajado para outras regiões onde conseguem realizar o procedimento legalmente e em segurança.

Os republicanos defendem que o debate sobre o aborto continue no âmbito estadual. Eles argumentam que centros “pró-vida” precisam ser criados, com o objetivo de dar assistência a mulheres que querem ter filhos.

Trump afirmou que vetaria uma proibição federal ao aborto. Em junho, ele também disse que não vai banir o acesso a medicamentos abortivos, caso seja eleito.

▶️ O que pensa Kamala

Já Kamala disse que vai enviar ao Congresso um projeto de lei para fazer com que o aborto legal volte a ser previsto na Constituição. Essa promessa é vista como um incentivo para que mulheres e eleitores progressistas votem.

  1. Política externa

As forças israelenses durante operação na Faixa de Gaza em junho de 2024 — Foto: Reuters/via BBC

As preocupações dos eleitores nos Estados Unidos com a política externa envolvem a forma como o país tem se posicionado frente aos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.

▶️ Oriente Médio

Sobre o Oriente Médio, democratas e republicanos concordam sobre o apoio a Israel no direito de se defender contra as ações do Hamas e de outros grupos extremistas.

Kamala tem adotado um discurso um pouco mais crítico em relação a Israel por causa da situação na Faixa de Gaza. O território palestino enfrenta uma grave crise humanitária, com crianças e mulheres morrendo em meio ao conflito.

A estratégia de Kamala é tentar se equilibrar entre dois eleitorados importantes para os democratas: os judeus e os árabes-americanos. Ela e o presidente Joe Biden estão sendo pressionados pelos dois grupos, que enxergam o conflito de forma diferente.

Já Trump afirma que, se fosse presidente, essa guerra jamais teria se iniciado. Ele pediu para que Israel termine o conflito imediatamente, sob o risco de encerrar o apoio militar ao país.

▶️ Ucrânia

Trump também já demonstrou dúvidas sobre o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Em abril, ele se recusou a apoiar a aprovação de um pacote de ajuda ao governo ucraniano no valor de US$ 95 bilhões. Parte dos republicanos já não vê o assunto como algo de interesse norte-americano.

Enquanto isso, os democratas acreditam que precisam continuar ao lado da Ucrânia para defender a Europa e os aliados da Otan. Kamala afirma que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é um ditador que tem interesse em invadir outros países europeus.

Na visão do governo Biden, caso a Ucrânia não recebesse apoio militar, Putin já teria investido contra outros países da Europa, o que representaria um risco à segurança global.

Uma pesquisa do jornal “The Wall Street Journal” indica que os eleitores acreditam que Trump lidaria melhor do que Kamala com os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.

Por g1