Publicado em: 8 de maio de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não sabe se vai aceitar o pedido do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para uma reunião bilateral durante a cúpula do G7, que acontece em Hiroshima, no Japão, e terá atividades até o domingo (20).
Fontes do Palácio do Itamaraty informaram ao blog que a indecisão passa por uma percepção de que a pressão realizada em cima do Brasil e da Índia para adotarem uma posição mais alinhada à narrativa ucraniana sobre o conflito armado com a Rússia é descabida.
Integrantes do governo brasileiro consideram que este posicionamento não é o adequado porque envolve dois países que, junto com a Rússia, compõem o Brics e, dizem as fontes, trabalham pela paz, mas buscando soluções multilaterais.
A informação do convite de Zelensky para uma reunião com Lula foi confirmada pelo Itamaraty à TV Globo. Ainda não há, porém, confirmação da data do possível encontro.
Questionado neste sábado (20) sobre o possível encontro com Zelensky, o presidente Lula respondeu que não sabia se a reunião aconteceria.
O encontro também não está previsto na agenda de Lula para este sábado (20) e para o domingo (21) divulgada pelo governo brasileiro.
Fontes disseram ao blog que o governo brasileiro foi informado pelo governo japonês em 10 de maio que o presidente ucraniano participaria de eventos do G7.
Biden também deseja encontrar Lula
Neste sábado, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também deseja se encontrar com o presidente Lula para falar sobre a guerra da Ucrânia durante a cúpula do G7.
Além de Lula, Sullivan afirmou que Biden também deseja conversar com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, sobre o mesmo assunto.
Modi se reuniu com Zelesnky neste sábado. O presidente ucraniano pediu que o governo indiano deixe a posição de neutralidade e reconheça a violação do território da Ucrânia pela Rússia.
Neste sábado (20), Lula se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz.
Com Macron, Lula discutiu o conflito armado entre Rússia e Ucrânia, além da preservação da Amazônia, da qual a França faz parte com o território ultramarino da Guiana Francesa, e a guerra da Ucrânia.
“Reencontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, no G7. Falamos sobre a preservação da Amazônia e caminhos para a construção da paz na Ucrânia. Estamos retomando a amizade e parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos”, escreveu Lula em uma rede social.
Primeira conversa
Em março o presidente Lula conversou por vídeo com Zelensky. O presidente brasileiro disse que reafirmou a proposta para um grupo de países neutros intermediarem o diálogo pela paz entre Ucrânia e Rússia.
“Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, Zelensky. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém”, escreveu Lula em uma rede social, à época.
Por Valdo Cruz e Ricardo Abreu