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Jogos Olímpicos de Paris 2024; Acusações de transsexualidade e identidade intersexo colocam o boxe em evidência 


- Crédito da Foto:  Reprodução X (Twitter) - @AfricaFactsZone - Publicado em: 2 de agosto de 2024


As Olimpíadas de Paris 2024 foram palco de um embate acirrado, não apenas no ringue, mas também na arena das discussões culturais e políticas. As pugilistas Liu Yu-ting, de Taiwan, e Imane Khelif, da Argélia, se viram no centro de uma polêmica após a Associação Internacional de Boxe (IBA) questionar sua elegibilidade para competir entre as mulheres. As atletas foram acusadas de não atenderem aos critérios de gênero, com a IBA sugerindo que Khelif seria transexual, uma alegação rapidamente desmentida. Na verdade, Khelif é intersexo, uma condição biológica onde características sexuais não se encaixam nas definições típicas de masculino ou feminino.

O Comitê Olímpico Internacional (COI), que suspendeu a IBA devido a questões de governança, permitiu que as atletas competissem, alegando que as acusações eram infundadas e sem evidências. Essa decisão foi vista por muitos como uma postura contra o linchamento moral promovido pela IBA. O debate tomou proporções globais, com figuras públicas como J.K. Rowling e Elon Musk criticando a decisão do COI. Enquanto isso, a vitória de Khelif sobre Angela Carini, da Itália, em apenas 46 segundos, trouxe ainda mais atenção para o tema.

Em um comunicado oficial, o COI condenou a falta de transparência da IBA e defendeu seu critério de elegibilidade baseado no passaporte. A organização expressou que a desclassificação proposta pela IBA era uma manobra arbitrária de seu presidente, Umar Kremlev. A questão se agravou quando surgiram fake news sobre a identidade de gênero de Khelif, levantando debates acalorados sobre identidade intersexo, que se refere a pessoas nascidas com variações naturais nas características sexuais.

Após sua vitória, Khelif recebeu apoio fervoroso dos fãs argelinos presentes em Paris, com o Comitê Olímpico Argelino apoiando sua atleta frente às acusações infundadas. Com sua próxima luta marcada contra Anna Luca Hamori, da Hungria, a tensão entre o COI e a IBA persiste. O COI, focado em criar uma nova federação internacional de boxe, enfrenta a resistência da IBA, que exige a renúncia do presidente do COI, Thomas Bach. A controvérsia reflete as complexas interseções entre esporte, política e identidade de gênero.

Por Sidnei Campos