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Juros futuros sobem após série de quedas, apesar de Haddad reiterar ajuste fiscal


- Crédito da Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - Publicado em: 13 de julho de 2024


Taxas dos DIs subiram desde início do dia, embora no exterior os rendimentos dos Treasuries demonstrassem certa acomodação

 

 

Após caírem em sete de nove primeiras sessões de julho, as taxas dos DIs fecharam na sexta-feira (12) em alta no Brasil, em especial entre os contratos mais curtos, com parte dos investidores ajustando posições e realizando lucros, em um dia marcado por nova defesa do ajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela consolidação no exterior das apostas de corte de juros em setembro pelo Federal Reserve, de acordo com informações do portal InfoMoney.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,585%, ante 10,544% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,125%, ante 11,07% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,335%, ante 12,284%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,74%, ante 11,71%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,75%, ante 11,731%.

Apesar do avanço no dia, as taxas longas terminaram a semana abaixo do nível de 12% — algo que não ocorria desde a semana de encerrada em 31 de maio.

As taxas dos DIs subiram desde o início do dia, embora no exterior os rendimentos dos Treasuries demonstrassem certa acomodação, com os yields longos muito próximos da estabilidade.

Em meio à participação de Haddad em evento em São Paulo, a taxa do DI para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos — atingiu a máxima de 11,21%, em alta de 14 pontos-base ante o ajuste da véspera. O pico da taxa ocorreu em sintonia com a renovação de máximas do dólar ante o real, a despeito de no exterior a moeda norte-americana estar em queda.

Haddad defendeu que a expansão fiscal neste momento não é boa para o Brasil e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cortará gastos primários para ajustar as contas públicas se for necessário.

“Estamos desde 2014 ou 2015 produzindo déficit pesado”, disse Haddad em sua fala. “Isso melhorou a vida de alguém?”, questionou durante sabatina em Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

O ministro também negou ter convencido Lula a baixar a tensão com o Banco Central (BC), mas afirmou que o presidente teve “certa razão” de ficar insatisfeito com atitudes da autarquia.

Apesar de o discurso do ministro estar em linha com o que demanda o mercado, profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que Haddad ainda não apresentou medidas concretas — algo que tem incomodado os investidores nas últimas semanas.

No decorrer da sessão, porém, as taxas futuras perderam força, ainda que tenham encerrado em alta, elevando um pouco as apostas — ainda que minoritárias — de que o Banco Central poderá elevar a taxa básica Selic em sua reunião de política monetária desde mês.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 84% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 16% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 92% e 8%, respectivamente.

No campo político, os desencontros entre governo e Congresso continuaram. Após Haddad afirmar pela manhã que as medidas apresentadas pelo Senado não compensam a desoneração da folha de pagamentos de setores específicos, à tarde o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acusou o ministério da Fazenda de desconsiderar as sugestões.

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Também durante o evento da Abraji em São Paulo, Pacheco classificou a negociação entre Executivo e Legislativo sobre o tema como uma “novela”.

Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 1 ponto-base, a 4,183%.