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Juros nos EUA, cenário fiscal e declarações de Lula: veja a cronologia da disparada do dólar


Publicado em: 3 de julho de 2024


O avanço mais recente da moeda norte-americana tem sido atribuído, principalmente, às questões internas, com foco nas repetidas declarações Lula — cujo tom tem desagradado agentes do mercado financeiro.

 

Quem tem acompanhado o noticiário percebeu que o principal destaque é a disparada do dólar. E na terça-feira (2) não foi diferente. A moeda norte-americana teve uma nova alta, de 0,22%, e fechou cotada a R$ 5,66 — o maior valor em dois anos e meio.

Só em 2024, o avanço do dólar em relação à moeda brasileira já é de 16,75%. Com esse desempenho, o real já se tornou uma das moedas que mais se desvalorizaram no ano até aqui: entre 118 moedas, o real era a quinta com a maior desvalorização até meados de junho, segundo levantamento da Austin Rating.

O avanço mais recente do dólar tem sido atribuído por especialistas, principalmente, às repetidas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo tom tem desagradado agentes do mercado financeiro. Hoje, o presidente chegou a afirmar que “há um jogo de interesse contra o real”.

Grande parte das falas de Lula tem sido de fortes críticas sobre a atuação do Banco Central do Brasil (BC) e, em especial, do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

Mas outros fatores importantes também têm entrado na conta do dólar, como a queda na expectativa de cortes nos juros dos Estados Unidos e o cenário fiscal brasileiro, em meio ao desafio do governo de buscar o déficit zero em 2024 (ou seja, ter gastos ao menos iguais à arrecadação).

Ainda no cenário externo, a corrida pela Casa Branca também está no radar. Investidores estão avaliando os possíveis resultados nas eleições norte-americanas, em que Joe Biden tenta a reeleição contra Donald Trump, que busca voltar ao cargo quatro anos após o fim de seu governo.

Para especialistas, um eventual retorno de Trump à presidência dos EUA pode representar queda de impostos e um avanço do protecionismo na maior economia do planeta. Os resultados tendem a ser uma taxa de juros mais alta no país, fortalecendo, assim, o dólar.

Fatores como os juros dos EUA e as eleições são temas que afetam não só a moeda brasileira, mas todas as nações emergentes — que sentem o avanço do dólar a nível mundial. A questão, no entanto, é que a arrancada está mais veloz no Brasil por questões internas.

E com a forte desvalorização do real e disparada do dólar, há temores de que a economia brasileira possa sofrer, a começar pela inflação, que já é de 2,27% em 2024, já que muitos dos nossos produtos são importados.

Por André Catto, g1