Publicado em: 11 de agosto de 2018
Precisamos urgentemente rever nossos valores no que diz respeito ao que verdadeiramente importa. As ilusões contadas nas redes sociais ou a crua verdade por trás das aparências de falsa felicidade? Também por causa destes valores distorcidos distribuídos na internet mais uma mulher foi brutalmente assassinada esta semana e chamou a atenção mais uma vez para os casos de feminicídio – homicídio de mulheres – que tem crescido e assustado as brasileiras. Só as mulheres brasileiras, porque o resto da sociedade parece não ligar a mínima.
Outro agravante nessa luta sem fim continua sendo a cultura dominante masculina, além do machismo, do preconceito de gênero -sexismo – falta de empatia, a errônea e deturpada culpa atribuída às mulheres vítimas, ou ainda o entorpecimento das frivolidades do cotidiano, a objetificação da mulher, dentre mais meia dúzia de questões. Devíamos dar a devida importância a elas, pensar seriamente a respeito destes nossos erros, a fim de começar a dar um basta nesta lista de mortes absurda. Na justiça brasileira há quase 11 mil casos de femicídio sem solução.
Há anos o Brasil integra a lista de países onde ocorre maiores números de assassinatos de mulheres. As pesquisas mostram dados estarrecedores que não parecem abalar a sociedade, que segue seu curso constante e contínuo como consumidores individualistas e usar os palanques das redes sociais para mostrar aos pares suas conquistas de consumo. Atrás de muitos sorrisos, brindes, oba-oba, há pessoas que sofrem, precisam de ajuda, imploram por atenção, dizem socorro.
O macho brasileiro acha que a mulher é um dos seus objetos , consideram-se detentores de seu corpo, sua vida, seus sonhos, sua imagem. Não admitem divergências sobre os planos que traçaram para sua companheira, pois as vêm como um objeto do qual detêm todo o poder e que a mulher existe para servi-lo. Daí não aceitam nem compreendem que ela possa sair da relação e tocar sua vida longe dele. Ainda dentro dos relacionamentos, são abusivos, intimidadores, castradores, incontáveis vezes humilham, desonram, desrespeitam, a menosprezam como mulher e a matam.
Esse sentido – absolutamente necessário – de desconstruir a cultura do machismo se faz extremamente urgente. Só a partir de mudança no status que a mulher tem perante a sociedade, poderá advir mudanças. Não será nada fácil mudar os números trágicos de mortes se a sociedade como um todo não se esforçar para mudar junto. Há um estupro a cada 11 minutos no país, uma informação inaceitável do ponto de vista humano. E a Lei Maria da Penha deve ser vista como o começo de uma futura mudança.
Tatiane, Benedita, Maria Vera, Elisa, Andreza, Eloá, Maria da Penha, Helen, Luana, Camila, Isamara, Janaína, Marisa, Daniela, Stefhani, dentre tantos outros nomes dessa lista infeliz. Precisamos nos enlutar por todos esses nomes. e lutar para que nenhum outro apareça. Basta da covardia machista e social.
Cristine Souza