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Por que a Bahia é estratégica para Lula e Bolsonaro?


- Crédito da Foto: Reprodução/ Poder360 - Publicado em: 18 de abril de 2022


Falamos muito sobre a nacionalização da disputa pelo governo da Bahia, porém colocamos em segundo plano os interesses dos candidatos à presidência pelos eleitores baianos. As candidaturas de Jerônimo Rodrigues, associado a Luiz Inácio Lula da Silva, e de João Roma, atrelado a Jair Bolsonaro, podem gerar impactos para os próprios nomes, mas precisam ter um efeito relevante também para os padrinhos. Quarto maior colégio eleitoral do país, a Bahia tende a ser decisiva para a consolidação de Lula, que aqui lidera, ou um respiro para Bolsonaro, que sofre intensa rejeição e qualquer votação significativa equilibraria as forças com outros eleitorados.

Lula e o PT sabem dessa importância, apesar de terem feito uma aposta arriscada com a substituição de Jaques Wagner na corrida. Bolsonaro não apenas sabe, como não deixou de escalar um palanque local, em um cenário tão polarizado quanto a disputa pelo Palácio do Planalto. Roma é uma “marionete”, ao tempo em que funciona também como a extensão do Planalto por essas bandas, em um contexto em que o adversário do PT baiano, ACM Neto, busca manter o distanciamento regulamentar do presidente. Nesse caso, para o ex-prefeito de Salvador, é preciso um nome efetivamente competitivo para que ele vista a camisa. Caso contrário, é mais saudável fingir que a eleição é local enquanto os adversários se digladiam para ver quem tem um padrinho mais forte.

Por enquanto, apenas Lula veio fazer um ato eleitoral na Bahia (mesmo que finjam que não foi). Era um ambiente altamente controlado, para convertidos e de apresentação das pré-candidaturas do grupo. A estratégia adotada até aqui pelo lulismo gerou um teto nas pesquisas de intenção de voto e, se não houver um redirecionamento, isso pode comprometer a evolução dele na corrida. Gastar sola de sapato, algo típico do petismo, ainda não apareceu firmemente na campanha de Lula, ainda que Jerônimo tenha feito essa mobilização localmente. Os efeitos práticos disso serão sentidos nas próximas sondagens, ainda que não haja algo tão cristalizado.

Já Roma, após deixar o Ministério da Cidadania, ainda não trouxe Bolsonaro à Bahia. Nem mesmo para as motociatas que são atos de campanha explícitos e que o Ministério Público Eleitoral finge não ver. Em ordens de serviços e inaugurações, o presidente seguiu a carteira lulista de pregar para convertidos e isso dificilmente mudará votos até outubro. Mesmo a campanha do ex-ministro pelo PL, com menos musculatura que as adversárias, precisa sair do plano teórico e chegar à prática. Sob o risco de ser ainda mais natimorta do que o anunciado.

Lula precisa abrir uma frente de votos expressiva na Bahia para compensar colégios eleitorais em que a penetração do PT é menor. Bolsonaro precisa se esforçar para conquistar os votos do antipetismo local, sem deixar que vias alternativas como Ciro Gomes “roubem” percentuais relevantes que darão expressividade à disputa polarizada entre ele e o ex-presidente. Não achemos que apenas Jerônimo, Roma ou ACM Neto dependem de candidaturas nacionais. Aqueles que querem chegar ao Planalto também precisam dos baianos.

por Fernando Duarte