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Prefeito de São Gonçalo (BA) é conduzido para delegacia, após “Forró Itinerante” ser encerrado pela 2ª vez


Publicado em: 25 de junho de 2021


O prefeito de São Gonçalo dos Campos, município vizinho a Feira de Santana, foi conduzido à delegacia, após “Forró Itinerante” promovido pela prefeitura local ser encerrado, pela segunda vez, por agentes da Polícia Militar (PM). Segundo Acorda Cidade, o primeiro episódio aconteceu na última terça-feira (22), quando o minitrio que animava o evento já se preparava para circular pelas ruas da cidade.

Nas redes sociais, o prefeito Tarcísio Pedreira chegou a informar que a festa teria continuidade ainda na noite de ontem (23), mas o evento acabou sendo realizado no início da manhã desta quinta-feira (24), com uma alvorada.

Em entrevista ao programa de rádio, o Major PM Bonees informou que uma guarnição da PM constatou a existência de duas irregularidades, ao abordar o minitrio. “A guarnição identificou que tanto o veículo quanto o motorista tinham irregularidades. O condutor não possuía habilitação, o que já configura crime de trânsito. Além disso, houve descumprimento do decreto estadual”, apontou.

Segundo o Major Bonees, o prefeito estava tentando intervir na situação, “impedindo que o capitão fizesse a condução regulamentar do motorista” e, nessa investida, acabou lesionando a autoridade policial. Ele disse que, ao ser informado da situação, foi até a cidade, a fim de negociar e que chegou a conversar com o vice-prefeito, mas situação se complicou.

“Depois de todas as tentativas esgotadas, isolamos o local, começamos a fazer a condução do motorista, que já estava detido. Depois disso, o prefeito cometeu mais dois crimes, o primeiro de desobediência e, depois que foi dada a ordem de prisão dele, cometeu o crime de resistência. Foi quando conduzimos todos para a delegacia”, explicou o militar.

O Major enfatizou, ainda, que a PM tem por obrigação cumprir a legislação, que está redigida pelo decreto estadual. “Devemos cumprir a legislação, que, no meu entendimento, tem competência administrativa entre a União, Estado e Município. O decreto municipal deve ser abrangente. Se o decreto estadual tem como obrigatoriedade o Toque de Recolher às 20h, o município pode ser mais abrangente, colocando para 18h, ou seja, ampliando e não restringir o decreto estadual. Estamos cumprindo o que a legislação determina e está vigente”, destacou, ressaltando que, para atender à ocorrência, foi necessário deslocar mais seis viaturas até o município.

Também ao Acorda Cidade, o prefeito Tarcísio Pedreira disse que o mesmo evento aconteceu no ano passado e que, este ano, seria realizado da mesma forma, sem gerar nenhum tipo de aglomeração. “A PM esteve lá, em nossa cidade de São Gonçalo, para impedir que fosse realizado o evento, que, justamente, aconteceu no ano passado. Simplesmente, eram artistas da região, levando música no centro da cidade. Por isso pedimos o apoio da PM e da Guarda Municipal. E se qualquer aglomeração fosse feita, durante o percurso, o carro iria desligar o som e se deslocar para outro ponto da cidade”, afirmou.

O gestor lamentou a interrupção da festa. “Infelizmente, é lamentável, porque, em outras cidades, esse mesmo evento aconteceu. Vi que aconteceu em Governador Mangabeira, em Salvador, Senhor do Bonfim, Coração de Maria e, aqui, não tivemos essa possibilidade. O meu questionamento para o governador é que ele autoriza que bares e restaurantes possam abrir, e isso, aqui, nem permitimos ainda, pelo fato da ausência da máscara na hora da refeição, do consumo, quando o risco de contaminação aumenta. Eu ratifico, aqui, o meu compromisso com a saúde pública. Sempre estive ao lado do decreto do estado, defendendo o nosso município”, argumentou, durante a entrevista.

Para o Prefeito, são Gonçalo dos Campos vem sendo tratado de forma diferente, pelo Governo do Estado, em comparação com outros municípios baianos. “Gostaria, também, de saber do governador o motivo do tratamento ser feito de forma diferente. Não é porque São Gonçalo é menor do que Feira, menor do que Salvador, que deve ser tratado diferente. Eles rasgaram a Constituição Federal, esqueceram a autonomia do município. E não estou, aqui, querendo fazer política, mas, se dependesse de mim, o evento teria, simplesmente, acontecido sem nenhum tipo de aglomeração”, alegou.

Tarcísio Pedreira disse, ainda, que não houve agressão. “O artista que deveria estar em evidência, não o prefeito, que foi colocado em uma exposição tão desnecessária. Prenderam o nosso motorista, que estava sem habilitação. Colocaram no fundo de uma viatura. Eu tentei negociar, até porque, dentro da legislação, não existe isso de a pessoa ser presa por estar sem habilitação. Não houve nenhum tipo de agressão, todos estão de prova. Nós reproduzimos toda a situação através das nossas redes sociais e a aglomeração que aconteceu foi provocada pela própria Polícia Militar, porque, em uma cidade pequena, quando envolve um incidente como aconteceu hoje, ainda mais envolvendo o prefeito da cidade, óbvio que vai aglomerar de gente”, destacou.

De acordo com o Acorda Cidade, tanto o motorista do veículo quanto o advogado do prefeito foram conduzidos para o Complexo de Delegacias do Sobradinho, em Feira de Santana, para a assinatura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Depois de ouvidos, eles serão liberados. O prefeito, por sua vez, foi autuado em flagrante por desacato policial, podendo pagar fiança e, em seguida, ser liberado.