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Procuradores da Lava Jato articularam apoio a Moro em 2016


Publicado em: 23 de junho de 2019


 

Segundo a Folha de S.Paulo, novas mensagens vazadas pelo site The Intercept expõem ainda mais a proximidade entre o juiz e a força-tarefa

Os procuradores da Lava Jato armaram apoio ao então juiz Sergio Moro em 2016 para impedir que os atritos entre ele e os ministros do Supremo Tribunal Federal paralizassem as investigações, informou o jornal Folha de S.Paulo, com base em mensagens obtidas pelo portal The Intercept. As tensões entre Moro e o STF aumentariam, na percepção dos procuradores, com a divulgação de documentos encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da empreiteira Odebrecht que expunham políticos com direito a foro especial.

A divulgação dessa troca de mensagens entre Moro e Dallagnol agrava ainda mais a situação do ministro da Justiça, ao reforçar a relação de cooperação entre juiz e procurador, considerada incompatível com o princípio de imparcialidade exigido a qualquer magistrado. Mensagens divulgadas no último dia 9 pelo Intercept já haviam apontado essa falta. Nelas, Moro diz a Dallagnol ter recebido de “fonte séria” a informação de que uma testemunha estaria disposta a depor sobre transferências de propriedade de um dos filhos de Lula.

O episódio teve como estopim a decisão da PF de anexar os documentos da Odebrecht nos autos de um processo da Lava Jato em 22 de março daquele ano, sem preservar seu sigilo. No dia seguinte, segundo a Folha, Sergio Moro escreveu mensagem pelo Telegram ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa da Lava Jato em Curitiba. “Tremenda bola nas costas da PF. E vai parecer afronta”, queixou-se o juiz, que havia se programado para enviar ao tribunal o inquérito sobre João Santana, o marqueteiro das campanhas petistas.

Dallagnol informou Moro já haver entrado em contato com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o aconselhou a enviar outro inquérito. Horas depois, escreveu novamente a Moro para indicar não ter havido má-fé da PF. “Continua sendo lambança. Não pode cometer esse tipo de erro agora”, respondeu o juiz.