Publicado em: 8 de maio de 2024
Bilionário nascido na África do Sul é dono do X, antigo Twitter, desde 2022. Também comanda a fabricante de carros elétricos Tesla e a empresa SpaceX, de voos espaciais, que tem um braço dedicado à internet por satélite, a Starlink.
Elon Musk, bilionário nascido na África do Sul, é figurinha constante na mídia por suas inúmeras polêmicas.
Desde o último sábado (7) vem postando ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ameaçando descumprir ordens da Corte na rede social X, antigo Twitter.
Musk comprou o Twitter em 2022 e uma de suas medidas foi trocar o nome que a plataforma teve por mais de 15 anos.
A rede social já era usada pelo empresário como a principal forma de ele se comunicar com o público e atacar desafetos. Seu perfil tem, atualmente, mais de 180 milhões de seguidores.
Antes de ser dono do X, Musk já era famoso por estar à frente da fabricante de carros Tesla, uma das primeiras a apostar somente em modelos elétricos, e da SpaceX, empresa de voos espaciais. Com ela, o magnata tem planos para colonizar Marte.
A SpaceX tem ainda um braço voltado à internet via satélite chamado Starlink, que atua inclusive no Brasil. Ele também foi um dos fundadores da OpenAI, criadora do ChatGPT.
Em 2022, Musk chegou a ser o homem mais rico do mundo. No último ranking anual da “Forbes”, divulgado na semana passada, estava em segundo lugar, com um patrimônio avaliado em US$ 195 bilhões.
A trajetória de Musk
Filho mais velho de um sul-africano e de uma canadense de classe alta, Musk nasceu em Pretória, na África do Sul, em 1971. Ele já foi casado duas vezes e teve oito filhos.
Musk viveu na África do Sul até 1989, quando se mudou para o Canadá pouco antes do seu aniversário de 18 anos.
Começou a faculdade na Queen’s University em Ontário, no Canadá, mas, no meio da graduação, se mudou para a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde se naturalizou cidadão americano. É bacharel em física e economia.
Musk aprendeu a programar sozinho e criou jogos na adolescência.
Seu primeiro empreendimento foi a Zip2, uma empresa que criou em 1995 com seu irmão Kimbal e com o amigo Greg Kouri e que oferecia um diretório para encontrar empresas on-line. A companhia foi vendida em 1999 para a Compaq.
Pouco depois dessa venda, Musk fundou a X.com, que era uma empresa de serviços financeiros on-line e de e-mail. Um ano depois de criada, a companhia se fundiu com a Confinity, que tinha um serviço de transferência de dinheiro chamado PayPal – que acabou virando o nome do negócio.
Em outubro de 2002, a eBay adquiriu a PayPal por US$ 1,5 bilhão em ações.
Em 2004, Musk se tornou o maior investidor e assumiu o comando da recém fundada fabricante de carros elétricos Tesla, bem antes de montadoras tradicionais apostarem nesse tipo de veículo (leia mais aqui).
Alguns meses antes, em 2002, Musk havia criado a sua empresa mais ambiciosa: a SpaceX, de transporte aeroespacial (saiba mais).
Entusiasta do bitcoin e de outras criptomoedas, ele também já se enveredou pelos ramos de energia solar, do transporte ultrarrápido, da internet via satélite e da neuciência (leia mais).
A primeira aparição dele no ranking dos bilionários da revista “Forbes” foi em 2012, com a fortuna estimada em US$ 2 bilhões. Dez anos depois, ele somava US$ 219 bilhões, quando ocupou o topo da lista pela primeira vez.
Em 2021, Musk foi eleito a “Personalidade do Ano” em 2021 pela revista “Time”.
Em 2023, sua biografia foi lançada pelo jornalista Walter Isaacson, o mesmo que escreveu a história de Steve Jobs em 2011.
Quais são as empresas do bilionário
Desde 2004, Elon Musk é o maior acionista e o presidente-executivo da fabricante de carros elétricos Tesla, fundada em 2003 pelos engenheiros Martin Eberhard e Marc Tarpenning.
Com sede em Austin, no Texas, nos EUA, a empresa entrou no ramo quando poucas marcas apostavam nesse tipo de veículo; o primeiro modelo foi lançado em 2009. Foi a partir daí que Musk começou a ganhar atenção da mídia.
A Tesla também obteve notoriedade pela adoção de um polêmico sistema de semiautonomia para os carros, o Autopilot, que permite que eles dirijam sozinhos por um certo tempo, desde que o motorista mantenha as mãos no volante.
Alguns acidentes e flagrantes de condutores dormindo a bordo desses veículos tornam o recurso bastante controverso até hoje.
Musk impulsionou a empresa a crescer a ponto de abrir uma fábrica na China, grande consumidora de carros elétricos, além da Alemanha. Com o braço Tesla Energy, a companhia também produziu painéis para captação de energia solar.
Empresa com ações na bolsa de Nova York, a Tesla chegou, em alguns momentos, a ultrapassar montadoras tradicionais como Ford e General Motors, que têm números de produção e vendas muito maiores.
🚀SPACEX
Antes de se juntar à Tesla, Musk fundou, em 2002, a SpaceX, voltada ao transporte aeroespacial. Ele também é o presidente-executivo da empresa.
A SpaceX se especializou no desenvolvimento e lançamento de foguetes reutilizáveis, algo que não existia na indústria e que pode baratear as viagens.
O primeiro lançamento de um foguete da companhia só aconteceu em 2008. Dez anos depois, a fim de testar seu foguete mais poderoso até então, Musk mandou um carro da Tesla para o espaço.
Depois, passou a enviar satélites e também já transportou gente para fora da Terra. Em 2021, a SpaceX conquistou um marco importante no turismo espacial com o lançamento de 4 pessoas “comuns” à órbita da Terra – que até então só tinha recebido astronautas profissionais.
Musk não estava a bordo, mas, com o sucesso da missão, ofuscou de certa forma seus concorrentes no segmento, os também bilionários Jeff Bezos, dono na Amazon, e Richard Branson, da Virgin Galactic.
O ricaço também faz planos para a colonização de Marte com a SpaceX. Para isso, desenvolve supernaves, como a Starship, com a qual realiza testes, ainda sem tripulantes, desde 2023.
🛰️ STARLINK
A Starlink é um braço da SpaceX voltado para fornecimento de internet via satélite.
Nesse segmento, Musk também concorre com Bezos e sua Blue Origin. Ambos trabalham nas chamadas “constelações de satélites”, que têm o objetivo de levar conexão para áreas remotas em todo o planeta. A SpaceX está à frente na corrida e já lançou mais de 1.800 unidades.
A empresa atua inclusive no Brasil, sobretudo na Amazônia. O Ibama já apontou que a expansão da tecnologia de Musk naquela também impulsiona atividades ilegais, como no garimpo.
OUTROS NEGÓCIOS
🧠 Ele também está envolvido na Neuralink, startup de neurociência que quer “conectar cérebros a computadores”. O objetivo é que, no futuro, pessoas com limitações motoras possam controlar dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares, apenas com o pensamento.
Recentemente, Musk noticiou que a Neuralink fez seu primeiro implante de chip em um cérebro humano. A empresa não é a única a investir nesta tecnologia.
O bilionário também tem a ambição de, mais à frente, usar o chip para alcançar a telepatia. Ele diz que isso ajudaria a humanidade a prevalecer em uma suposta guerra contra a inteligência artificial, mas especialistas adiantam que a prática não é viável.
🤖 Musk também foi um dos fundadores da Open AI, de inteligência artificial, a qual deixou em 2018. Quatro anos depois, a startup se tornou famosa pela criação do robô conversador ChatGPT.
O bilionário, que passou a ser um crítico da OpenAI, criou sua própria empresa de inteligência artificial, a xAI. em 2023.
🚅 Musk possui ainda a The Boring Company, que projeta um sistema semelhante a um trem-bala que depende de um túnel modificado para atingir altas velocidades (sistema apelidado de “hyperloop”).
8 filhos, mãe TikToker e sem casa própria
A biografia “Elon Musk” , lançada em 2023, mostra o empresário como um homem infantilizado, que tirou suas ideias sobre o mundo de videogames, quadrinhos e livros de ficção científica, conforme reportou o “Fantástico”, em entrevista com o autor, o jornalista Walter Isaacson.
Segundo o escritor, Musk é obcecado com a ideia da humanidade estar em perigo na Terra, daí a ideia de colonização em Marte. Isso também explicaria por que ele teve tantos filhos.
A LETRA X – O bilionário também seria fascinado pela letra X, uma influência dos personagens de X-Men. Além de a letra renomear o Twitter e batizar modelos de carros da Tesla , ela também aparece nos excêntricos nomes de herdeiros de Musk.
Em 2020, ele deu o impronunciável nome de X AE A-XII a seu sexto filho, com a então namorada, a cantora canadense Grimes. Dois anos depois, já separada de Musk, ela afirmou que teve também uma filha com o bilionário, chamada Exa Dark Sideræl Musk.
E, em 2023, a biografia do empresário revelou um terceiro bebê do ex-casal chamado Techno Mechanicus.
Musk já era pai de cinco filhos do casamento com a autora de livros Justine Musk: gêmeos nascidos em 2004 e trigêmeos nascidos em 2006 — todos com nomes menos complicados, entre eles Xavier (também um personagem de X-Men).
O casal ainda perdeu o primeiro bebê, que sofreu morte súbita algumas semanas após o nascimento.
Após se divorciar de Justine, Musk se casou com a atriz inglesa Talulah Riley, de quem também se separou.
Em 2015, Musk tirou seus cinco filhos mais velhos de uma prestigiada escola para crianças superdotadas e criou a Ad Astra, um centro privado de ensino em Los Angeles, nos EUA.
Filha de Musk, Vivian Jenna Wilson, que é uma mulher trans, retificou seu nome em 2022 e não quis manter o sobrenome do pai. Ela justificou a mudança por causa de sua identidade de gênero e “pelo fato de eu não viver ou desejar estar relacionada com meu pai biológico de qualquer forma”.
🏠 NADA DE CASA PRÓPRIA – Apesar de tantos investimentos, Musk já disse que vive em imóveis de amigos.
“Seria problemático se eu tivesse gastado bilhões de dólares em consumo pessoal. Na verdade eu nem possuo casa própria. Estou ficando em casa de amigos. Se eu for para a baía, onde tem a engenharia da Tesla, eu percorro por quartos vagos de casas de amigos. Eu não tenho iate, eu não tiro férias”, afirmou.
MÃE E MODELO – A mãe de Musk, Maye, também é frequentadora das redes sociais. Modelo, ela tem atualmente mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram e 1 milhão no X, onde costuma defender o filho.
Kimbal Musk, irmão mais novo de Elon Musk, também tem perfis públicos nas redes, onde se apresenta como chef, empreendedor e filantropo. Ele faz parte do conselho da Tesla.
AUTISMO – Em maio de 2021, durante uma aparição no programa americano “Saturday Night Live”, Musk revelou que tem Síndrome de Asperger, um tipo de autismo leve.
“Sei que disse ou postei coisas estranhas, mas é assim que meu cérebro funciona. Para qualquer pessoa que ofendi, só quero dizer: reinventei os carros elétricos e estou enviando pessoas a Marte em um foguete”, declarou. “Vocês acharam que eu seria um cara normal e relaxado?”
Assim o biógrafo Isaacson definiu Musk ao Fantástico: “Ele meio que tem personalidades múltiplas. Numa reunião faz piadas, é gentil e inspirador e tem ótimas ideias. Aí alguém diz algo que pra ele é um gatilho, e ele entra num estado que uma das amigas chama de ‘modo demoníaco’, muito severo com as pessoas. E aí quando volta, ele mal se lembra do que fez.”
Colecionador de polêmicas
Musk está longe de ser um ricaço discreto. Gosta de dar entrevistas e posta quase que diariamente no X.
Já apresentou por uma noite o programa de humor americano “Saturday Night Life”, que só recruta celebridades, frequenta o baile Met Gala e já foi filmado fumando um cigarro de maconha durante participação em um podcast transmitido ao vivo pelo YouTube.
No antigo Twitter, seu canal preferido para se comunicar com milhões de seguidores, dispara mensagens que podem causar “terremotos” nos mercados de ações e de criptomoedas.
Ele já foi até punido por isso por autoridades americanas, após um post sobre a Tesla, em 2018.
Apesar de ser usuário superativo, Musk sempre se mostrou um crítico das regras do Twitter. Ele entendeu, por exemplo, que a rede social “censurou” Donald Trump ao bani-lo, no começo de 2021.
A medida foi tomada, segundo o Twitter, por violação de política de uso da plataforma depois da invasão do Capitólio promovida por apoiadores do ex-presidente que não aceitavam o resultado das eleições de 2020 — uma desconfiança que Trump alimentou em seus posts nas redes.
Musk acabou devolvendo o perfil a Trump depois de comprar a plataforma, em 2022.
Durante a pandemia, Musk também tuitou duvidando do coronavírus e criticando o lockdown e a obrigatoriedade da vacina.
Um de seus bate-bocas mais famosos na rede foi com um mergulhador que fez parte da equipe que salvou crianças presas por 9 dias em uma caverna na Tailândia, em 2018. O caso comoveu o mundo.
O bilionário disse que poderia ceder um minissubmarino da SpaceX para o resgate, que era difícil e delicado. Vernon Unsworth, o mergulhador, chamou a sugestão de “manobra de relações públicas” e disse que Musk poderia “enfiar o submarino onde dói”.
A partir daí, os dois trocaram agressões verbais a ponto de o empresário chamar Unsworth de pedófilo. O caso foi parar na Justiça. Veja mais polêmicas de Musk.
Por que Elon Musk comprou o Twitter
Elon Musk e o Twitter: Uma relação antiga e polêmica
Em março de 2022, o bilionário fez para assumir o controle total do Twitter, que não foi bem recebida pelos acionistas. A compra só foi concluída depois de uma longa “novela” de seis meses, entre idas e vindas.
O relacionamento entre Musk e a rede social tinha começado com a compra de 9,2% da empresa, ainda em março de 2022, o que o tornava o maior acionista individual da plataforma.
A operação só veio a público no mês seguinte, pouco antes da notícia de que Musk queria ser o dono do Twitter. Semanas depois, saiu o acordo para a compra por US$ 44 bilhões.
Musk disse que pagaria uma parte “do próprio bolso”, com a venda de ações da Tesla, e, para o restante, precisou de empréstimos.
Em julho de 2022, Musk chegou dizer que desistiria da compra, depois de levantar suspeitas sobre os dados do percentual de contas falsas existentes na plataforma. Ele também questionava o valor de mercado do Twitter.
A rede social chegou a ir à Justiça para exigir o cumprimento do acordo. Mas, em setembro, no limite do prazo previsto, o negócio se concretizou.
Em outubro, Musk assumiu a rede social, chegando à sede da empresa segurando uma pia, para fazer uma piada com a palavra “sink” (“pia”, em inglês).
PREOCUPAÇÃO COM MODERAÇÃO – Ao se tornar o dono do Twitter, o bilionário prometeu que faria mudanças na moderação de conteúdo, o que gerou preocupação imediata com relação ao combate à desinformação nas redes. Isso porque o magnata sempre fez críticas à política de uso do Twitter.
No comunicado da compra, Musk ressaltou que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento'” e que o Twitter é “a praça da cidade digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos”.
Ainda em 2022, ele reativou a conta de Donald Trump, após uma enquete na plataforma terminar com resultado favorável ao ex-presidente americano.
O perfil de Trump havia sido banido da rede em 2021 por violação das regras, após a invasão do Congresso americano por um grupo de apoiadores dele que não aceitavam o resultado das eleições de 2020 — uma desconfiança que Trump alimentou em seus posts nas redes.
O Facebook e o YouTube também puniram Trump com suspensão de sua conta. Na época, Musk considerou que o ex-presidente foi alvo de censura.
No entanto, perfis de jornalistas foram bloqueados na “era Musk”, sem que os motivos fossem explicados. O bloqueio aconteceu em um momento em que a imprensa criticava a forma como o bilionário conduzia a rede social.
DEMISSÕES E EMOJI DE 💩 – Musk chegou a dizer que não queria comprar o Twitter para “fazer dinheiro”.
Mas, segundo a imprensa americana, ele prometeu aos bancos que emprestaram dinheiro para o negócio que poderia reduzir os salários dos executivos e do conselho da empresa, em um esforço para tirar custos da rede social, e desenvolveria novas maneiras de monetizar tuítes.
Ao assumir o comando da plataforma passou a cobrar pelo selo de verificação de perfis, com a criação do plano pago Twitter Blue, e realizou diversas rodadas de demissão em massa de funcionários, inclusive do então presidente-executivo.
Musk ficou por 6 meses como CEO do Twitter, até nomear a atual ocupante do cargo, Linda Yaccarino. Durante esse tempo, jornalistas que procurassem o time de comunicação da empresa recebiam como resposta um emoji de cocô.
Sob a gestão da Yaccarino, a rede social mudou de nome e de logotipo.
Por Luciana de Oliveira, g1