- Crédito da Foto: Divulgação - Publicado em: 7 de janeiro de 2025
A expectativa é de temperaturas acima da média, pouca chuva e prevalência da seca.
O ano de 2024 foi marcado por extremos climáticos. O país enfrentou meses sob uma densa camada de fumaça causada por incêndios na vegetação. Além disso, viveu a pior seca de sua história recente, que ainda persiste, enquanto o Rio Grande do Sul foi devastado por chuvas intensas. Além disso, o ano terminou como o mais quente já registrado. Diante desse cenário, o que esperar de 2025?
🔴A previsão global do Met Office, o centro nacional de meteorologia britânico e uma referência mundial, sugere que 2025 será um dos três anos mais quentes já registrados, atrás apenas de 2024 e 2023. Ou seja, embora o calor deva ser um pouco menos intenso, ele ainda será extremo.
Dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do programa europeu Copernicus e do Met Office indicam que, em 2025, podemos esperar:
As previsões são feitas com base em modelos climáticos que permitem observar com maior clareza os dados para períodos de até três meses. A análise do ano como um todo é baseada em tendências. Apesar disso, os especialistas permanecem pessimistas quanto a mudanças significativas que possam reverter esse cenário.
Mais calor em todo o país
O ano de 2024 foi marcado por recordes de calor. De acordo com o serviço de mudança climática do observatório Copernicus, foi o primeiro ano na história a registrar um planeta 1,5°C mais quente em relação à média pré-industrial.
Segundo os especialistas, a principal causa do calor foi a concentração crescente de gases de efeito estufa na atmosfera, que intensificam o aquecimento global. Uma análise do Cemaden mostra que, desde os anos 1970, o Hemisfério Sul, onde está o Brasil, vem enfrentando um aumento gradual nas temperaturas. Ou seja, ao longo dos anos, o país tem ficado cada vez mais quente.
Somado a isso, houve ainda uma contribuição extra: o El Niño. Esse fenômeno aqueceu os oceanos e foi registrado de forma intensa, o que aumentou ainda mais a temperatura no mundo.
🔥 Para 2025, ainda sem previsão de El Niño, a expectativa é de que o ano seja menos quente que 2024. No entanto, isso não significa uma trégua no calor.
A análise do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mostra que, ao menos nos primeiros três meses do ano, o calor deve permanecer acima da média em todo o país. Veja a previsão abaixo)
🔥 Segundo o Instituto Nacional de Previsão do Tempo (Inmet) os piores cenários podem ocorrer nas regiões Norte e Nordeste, que devem ficar 0,5°C e 1°C acima da média, respectivamente.
2025 pode ter eventos extremos
O ano passado foi marcado por catástrofes, dentro e fora do país, causadas por chuvas intensas. No Rio Grande do Sul, cidades foram completamente devastadas, com mais de uma centena de mortos. Os temporais também resultaram em mortes nos Estados Unidos, na Espanha e na África.
Segundo especialistas, esses desastres têm uma causa em comum: o aquecimento dos oceanos. Para Regina Rodrigues, referência em pesquisas sobre o Atlântico e suas ondas de calor, que atua na Organização Meteorológica Mundial (OMM), o cenário atual dos oceanos, ainda com temperaturas acima da média, pode fazer com que eventos extremos continuem ao longo de 2025.
➡️ Por que isso acontece? Os oceanos funcionam como “bolsões” capturando o calor, minimizando os impactos na Terra. Com as águas mais quentes, elas evaporam mais rapidamente, concentrando mais umidade na atmosfera. Isso resulta em chuvas mais intensas e de curta duração.
Regina explica que ainda não é possível prever quais regiões serão mais afetadas ou como esses eventos podem ocorrer, mas os desastres de 2024, como o caso do Rio Grande do Sul, demonstram a gravidade do impacto.
Vamos continuar vendo eventos extremos porque as águas continuam quentes. Um ponto complexo é que está ficando cada vez mais difícil prever a intensidade desses desastres, porque o padrão do clima está mudando muito rapidamente. É um risco cada vez maior para as cidades.
— Regina Rodrigues, referência em pesquisas sobre o Atlântico e suas ondas de calor.
A dificuldade em prever desastres é um ponto levantado por especialistas. Os modelos são feitos com base no histórico do clima ao longo de dezenas de anos. No entanto, o que estamos vendo acontecer é uma mudança acelerada no padrão, o que faz com que as leituras não sejam mais tão exatas.
Representantes do Cemaden, órgão responsável pelo monitoramento de desastres no país, explicam que no caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, foi possível prever uma chuva intensa e um alerta foi feito, mas nenhum deles tinha a dimensão do que, de fato, aconteceu.
Por Poliana Casemiro, g1