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Vistos, visitas e aeroportos: como a paralisação do governo dos EUA afeta o brasileiro?


Publicado em: 20 de janeiro de 2019


 

Emissão de vistos funciona normalmente, mas visitante pode encontrar contratempos nos aeroportos e em determinados pontos turísticos.

Passageiros enfrentam longas filas na área de segurança do aeroporto de Atlanta, nos EUA – funcionários estão sem receber por causa do ‘shutdown’ — Foto: Elijah Nouvelage/Reuters

Ainda sem perspectiva de solução, a paralisação parcial do governo dosEstados Unidos, que começou em 22 de dezembro, se tornou a mais longa da história do país. Estima-se que cerca de um quarto das atividades governamentais norte-americanas tenha sido paralisada pelo chamado “shutdown”, e por volta de 800 mil servidores públicos dos EUA estão sem receber salário, inclusive aqueles que atuam em áreas essenciais como segurança (leia mais no fim da reportagem).

Mas como a paralisação do governo dos EUA pode afetar o brasileiro? O sistema de emissão de vistos funciona normalmente? Há pontos turísticos fechados? E os aeroportos?

G1 apurou como o “shutdown” afeta os serviços usados por brasileiros em viagem aos EUA. Em geral, o visitante precisa ficar atento apenas a possíveis atrasos e filas nos aeroportos, além da abertura e do fechamento de monumentos públicos. Confira abaixo:

Vistos

 

A emissão de vistos norte-americanos para cidadãos brasileiros continua em funcionamento. Em nota ao G1, a Embaixada dos EUA no Brasil informou que o serviço é custeado, em parte, pelas próprias taxas de solicitação.

“As operações consulares, incluindo os serviços de visto (não imigrante e imigrante) e passaporte para cidadãos norte-americanos, nos EUA e no exterior, permanecerão em funcionamento desde que haja fundos de taxas de solicitação de visto para financiar as operações”, diz a nota.

Além disso, cidadãos norte-americanos que vivem no Brasil continuarão a receber assistência da embaixada e dos consulados espalhados no país.

Passeios

 

Placa avisa a visitantes que o Arquivo Nacional está fechado devido à paralisação parcial do governo federal, em Washington DC, nos Estados Unidos, em 22 de dezembro — Foto: Reuters/Joshua Roberts

O brasileiro que pretende viajar aos EUA deve ficar atento com alguns serviços e atrações turísticas interrompidos desde o início do “shutdown” mais longo da história.

Isso porque o problema orçamentário atingiu órgãos federais do governo norte-americano, e eles incluem algumas atividades turísticas, principalmente na capital, Washington. Estão fechados:

  • Visita guiada à Casa Branca
  • Galeria Nacional de Arte
  • Todos os museus Smithsonian
  • Zoológico Nacional

 

Além desses locais de visitação em Washington, o turista deve se precaver antes de visitar parques nacionais, como o Yosemite (Califórnia). Eles até podem ser acessados em algumas áreas, mas, como muitos dos funcionários foram dispensados, alguns serviços estão sem funcionamento – inclusive banheiros.

Outros pontos turísticos públicos como a Estátua da Liberdade, em Nova York, estão abertos. Nesses casos, os monumentos recebem financiamento à parte, e, portanto, não dependem exclusivamente do orçamento federal.

Ao viajar, também vale consultar os jornais e guias de programação locais: a paralisação afetou também a atualização dos sites oficiais desses pontos turísticos.

Aeroportos

 

Os aeroportos dos Estados Unidos continuam em funcionamento, mas o passageiro pode enfrentar filas e atrasos maiores do que o normal.

O motivo é a falta de pagamento que atingiu agentes de segurança e de controle de voo da Administração de Segurança de Transporte (TSA, na sigla em inglês). Como o órgão envolve segurança e o governo o considera “essencial”, os funcionários foram convocados a trabalhar mesmo sem o salário em dia.

 

Alguns dos servidores, no entanto, decidiram cruzar os braços. A paralisação afetou, por exemplo, os aeroportos de Miami e Houston – duas cidades para onde há voos diretos saindo do Brasil.

Segundo a TSA, 6,4% dos funcionários não apareceram para trabalhar nos aeroportos na quinta-feira (17) – quase o dobro de ausências na comparação com a mesma data em 2018. Em Atlanta, outra cidade com voos diretos ao Brasil, o tempo de espera chegou a 47 minutos.

O que é o ‘shutdown’?

 

É a paralisação sofrida por parte dos órgãos governamentais dos Estados Unidos quando o orçamento não é aprovado pelo Congresso norte-americano. O atual “shutdown” já é o mais longo da história dos EUA– deve completar um mês nesta terça-feira (22) – e não tem data para acabar.

Mas o que levou o governo a parar, desta vez?

O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou em dezembro a proposta do orçamento que incluía quase US$ 6 bilhões para a obra do muro na fronteira do México – uma das promessas de campanha do republicano quando ele ainda era candidato, em 2016.

O Congresso não aprovou o orçamento, adiou votações e, portanto, deixou o governo parcialmente paralisado a partir de 22 de dezembro. Estima-se que um quarto das atividades governamentais deixou de funcionar por falta de recursos. Cerca de 800 mil servidores públicos estão sem receber salário.

Crise política

 

A paralisação acirrou a crise política vivida entre Trump e a oposição. O presidente norte-americano insiste em só aprovar o orçamento caso ele inclua a verba para o muro, por considerar que há uma crise humanitária e migratória na fronteira com o México.

Do outro lado, a oposição – que agora detém a maioria na Câmara – se nega a aprovar o dinheiro para o muro por considerar que esse tipo de barreira física não é o ideal para o problema migratório nos EUA.

O problema orçamentário acabou virando capital político dos dois lados. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi – uma das líderes da oposição – cancelou o tradicional discurso anual que Trump deveria fazer no Congresso Nacional alegando falta de segurança por causa do “shutdown”.

 

Em revanche, Trump se negou a ceder um avião para que Pelosi e uma comitiva de deputados viajasse a três países – inclusive o Afeganistão, uma zona de guerra, segundo o governo dos EUA –, também alegando a falta de recursos como motivo.

Sem solução à vista, o presidente já admitiu a possibilidade de decretar emergência nacional. Assim, ele poderia iniciar a construção do muro com verbas militares sem precisar de aprovação dos opositores. Trump, porém, negou ter a intenção de recorrer a essa medida, ao menos por enquanto.

 

Por Lucas Vidigal, G1